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Fed deve manter viés de alta para juros
Do Diário do Grande ABC
25/06/2000 | 15:43
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Se as expectativas dos observadores do Federal Reserve (Fed) e da política monetária dos Estados Unidos estiverem corretas, a recente decisao do Copom de cortar em um ponto percentual a taxa de juros no Brasil foi feita no momento certo. A reduçao da taxa Selic foi justificada principalmente pelo recuo da inflaçao numa economia em plena retomada do crescimento. Mas um novo aperto dos juros nos EUA, agora, certamente colocaria em questao a sabedoria da decisao.

Para a maioria dos economistas de Wall Street, sao pequenas, porém, as chances de isso acontecer na reuniao de dois dias da Comissao Federal do Mercado Aberto, o Copom dos EUA, que começa terça-feira. Embora a taxa de inflaçao norte-americana dos últimos 12 meses tenha ficado um pouco acima (2,4%, no final de maio, excluídos preços voláteis de alimentos e gasolina) do nível que as autoridades do Fed prefeririam (até 2%), a expectativa do mercado é que as autoridades monetárias deixem os juros nos 6,5% anunciados em sua última reuniao, em 16 de maio, quando abandonaram a abordagem gradualista que vinham seguindo e puxaram a taxa em 0,5%.

"Creio que o Fed esperará para ver o efeito do que já fez", disse David Wyss, economista-chefe da Standard & Poor's, referindo-se aos sinais de desaceleraçao já visíveis em setores da economia sensíveis à taxa de juros, como habitaçao e bens de consumo duráveis.

O aperto da política monetária do Fed no decorrer do último ano começou a fazer efeito, segundo os analistas, mas a dúvida é se o Fed fez o suficiente para induzir a economia a transitar suavemente das altíssimas taxas de crescimento de mais de 6% ao ano, com as pressoes inflacionárias que isso gera numa economia que opera há mais de dois anos em situaçao de pleno emprego, para um patamar mais sustentável de 3,5% a 4%.

Segundo os analistas do G7Group, uma firma de consultoria econômica com sedes em Washington e Nova York, que tem como guru Alan Blinder, um ex-vice-presidente do Fed, "(o presidente do Fed, Alan) Greenspan nao está convencido de que há uma desaceleraçao em curso e preocupa-se com a possibilidade de fatores sasonais estarem distorcendo os indicadores". O G7Group notou que, no passado, os dados do segundo trimestre do ano já deram falsos sinais de desaceleraçao.

Por essa razao, os economistas esperam que o Fed, embora sem mexer nos juros, manterá o atual viés de alta na reuniao desta semana, para sinalizar sua determinaçao de agir para coibir a propensao de alta da inflaçao que a economia continua a exibir. Tal análise, contaminada com a forte subida da gasolina este mês, e que deve continuar em julho, aumentam as chances de o Fed reativar a estratégia de aperto do juros em sua reuniao de agosto. Tal decisao complicaria novas reduçoes da Selic.




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