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No passo de Nova York
Luciane Mediato
Especial Diário do Grande ABC
08/03/2011 | 07:00
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As lembranças de uma mulher sobre sua infância delicada, o sofrimento provocado pelo abandono de seus pais e o amadurecimento precoce constroem o enredo do filme Memórias de uma Gueixa. O longa-metragem (que por sua vez foi baseado no romance de Arthur Golden) inspirou a professora Márcia Bueno a criar coreografia de balé que foi selecionada para competir na categoria conjunto no Festival YAGP (Youth America Grand Prix), em Nova York no dia 17.

A coreografia tem duração de cinco minutos que é o tempo estipulado para a competição. As 11 meninas, do grupo de dança da Escola de Ballet Márcia Bueno, localizada em São Bernardo, fazem performance com leques e figurino com referência aos quimonos orientais, misturando passos do balé clássico com o contemporâneo. Os movimentos regidos pela trilha sonora Becoming A Geisha, de John Williams, podem ser comparados aos movimentos do nado sincronizado, pois as bailarinas usam leques que formam imagens.

"Eu já tinha a coreografia na cabeça desde 2007, quando assisti ao filme e visitei a Coréia. Mesmo com um grupo que ainda não tinha tanta experiência, acreditei no trabalho. Elas são muito talentosas e trabalham com seriedade. Os movimentos representam as forças da natureza como as ondas do mar, as flores e os ventos, elementos que contribuem para que a dança consiga contar o romance", explica Márcia.

O grupo foi o único de São Paulo a ser selecionado neste tipo de categoria. A seletiva geral no Brasil foi em setembro de 2010, e neste mês será realizada a competição geral nos Estados Unidos. 

A professora explica que esta é a primeira vez que uma escola do Grande ABC se classifica para esse festival tão importante. "Este evento é como uma grande vitrine para os bailarinos que estarão sendo vistos por escolas de todo o mundo. Uma oportunidade, talvez única, de conseguir bolsa de estudos e de se profissionalizar na dança", diz.

Márcia ainda ressalta que o balé brasileiro é visto como um dos mais talentosos do mundo, mas falta valorizar a dança dentro do território nacional. "Ninguém leva a sério a arte no Brasil", afirma.

A classificação serviu como incentivo para a recuperação da bailarina Nathalia Xavier, 15 anos, após uma cirurgia no menisco. "Faço balé há mais de dez anos e achava que nunca mais poderia dançar. Quando comecei a me recuperar fui convidada para fazer parte do grupo".

Já para Mayara Bazani, 19, estudante de Educação Física, participar do festival é realizar um sonho. "Vejo isso como um passo para o balé profissional. Estou contando os dias para a grande apresentação, porém não estou só pensando em ganhar, quero fazer o meu melhor e não ser apenas melhor que as outras equipes", afirma.
Também fazem parte da equipe de bailarinas que vão representar o Grande ABC: Aline Salemme Balçan, Ariane Suriani Brione, Carolina Gallo Mantovani, Giovanna Pereira Cuino, Iris Bernardelli de Mattos, Jaqueline Oda, Melissa Eiras da Cunha, Thais Alcaide do Vale e Tuwanni De Lutiis.

O YAGP foi lançado em 1999 por dois ex-bailarinos Ballet Bolshoi, Larissa e Gennadi Saveliev, como uma organização sem fins lucrativos com a missão de fornecer oportunidades educacionais e profissionais para jovens bailarinos, atuando como um trampolim para uma carreira profissional.




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