Política Titulo Balanço
Em dois anos, prefeitos não deslancham

Na metade do mandato, os gestores da região têm
dificuldade para implantar seus planos de governo

Por Fabio Martins
Leandro Baldini
Do Diário do Grande ABC
29/12/2014 | 07:00
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Montagem/DGABC


Prestes a completar metade do mandato, os prefeitos do Grande ABC enfrentam dificuldade para emplacar as principais propostas prometidas durante a campanha eleitoral de 2012, restando dois anos para o cumprimento do plano de governo. Sem marcas de destaque até agora, a maioria dos chefes de Executivo não deslanchou neste período. Poucos projetos de impacto foram executados neste exercício (confira arte ao lado), o que deixa os gestores da região ainda em dívida com o eleitorado.

A baixa nota dos prefeitos nos levantamentos do DGABC Pesquisas, encomendados pelo Diário, aponta queda da avaliação – nenhum atingiu 6. Único no segundo mandato, Luiz Marinho (PT), de São Bernardo, não repete o ritmo de obras da primeira administração. A conclusão do Museu do Trabalhador está atrasada há dois anos. A promessa de duplicação da Avenida José Odorizzi não saiu do papel, assim com a implantação do plano de cargos e salários dos servidores.

Em Santo André, as obras consideradas primordiais pelo prefeito Carlos Grana (PT) ainda não decolaram. O petista avaliou que cumpriu 30% das promessas, confiando em ampla parceria com o governo federal, com a estimativa de captar quase R$ 1 bilhão da União. Ele aguarda, por exemplo, o repasse de R$ 40 milhões para construção de dez creches. E vislumbra propostas na área de Mobilidade Urbana.

O chefe de São Caetano, Paulo Pinheiro (PMDB), não deu o tom. O incentivo à AD (Associação Desportiva) São Caetano, por exemplo, não se consolidou, bem como a construção de Hospital do Idoso. A ampliação do programa Profamília e o investimento em Segurança são as poucas ações efetivas.

Donisete Braga (PT), de Mauá, continua tendo o Transporte público como pedra no sapato. A estadualização do Hospital Nardini não teve avanço. A tentativa de recolher imposto da Refinaria de Capuava empacou. Para o prefeito Lauro Michels, de Diadema, a Saúde é o calcanhar de Aquiles. Os projetos de viabilizar AME (Ambulatório Médico de Especialidades) e duas UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) 24 Horas estão estagnados.

Em Ribeirão Pires, Saulo Benevides (PMDB) segue sem apresentar propostas efetivas aos problemas da cidade e continua em débito. Redução de IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) a aposentados não passou de promessa. Já o prefeito de Rio Grande da Serra, Gabriel Maranhão (PSDB), emendou a licitação de UPA, porém instalação de Caps e três creches ainda é aguardada.

Propostas de Mobilidade engatinham em Santo André

O norte das promessas do plano de governo do prefeito de Santo André, Carlos Grana, contempla o setor de Mobilidade Urbana, com destaques para construção da segunda alça do Viaduto Antônio Adib Chammas, no Centro, e alteamento da Avenida dos Estados, na proximidade do bairro Santa Terezinha.

Os projetos, disseminados pelo petista na campanha eleitoral, têm a expectativa de ter suas obras iniciadas no segundo semestre de 2015. Isso deve ocorrer com a oficialização da parceria financeira com o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), em trâmite. A proposta inclui, em sua totalidade, quatro projetos viários, equivalentes a custo final de R$ 93 milhões. Serão efetuados também os eixos dos corredores viários das avenidas Santos Dumont com Giovanni Battista Pirelli e a Príncipe de Gales com a Itamaraty.

Em novembro, a Câmara aprovou comissão para acompanhar o andamento da formalização dos projetos, que devem ser entregues à instituição em fevereiro.


Museu em São Bernardo fará dois anos de atraso

Idealizado pelo prefeito Luiz Marinho em 2011, principalmente para homenagear seu padrinho político, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o Museu do Trabalho e do Trabalhador, localizado em frente ao Paço, completará em janeiro dois anos de atraso.

Em novembro, o Diário revelou que os serviços, que consumiram R$ 18,8 milhões, estavam paralisados. Maior parte da estrutura, de 5.000 metros quadrados, foi construída, mas há muito a se fazer. Faltam acabamentos do prédio, pintura e até assentamento do terreno.

De origem sindicalista, Marinho prometeu instituir o PCCR (Plano de Cargos, Carreiras e Remuneração), entretanto a proposta não agradou os funcionários, que reclamaram, por meio do Sindserv (Sindicato dos Servidores Públicos). A escola de Administração Pública ao funcionalismo também naufragou.

Outro item não realizado foi ampliar o Hospital Universitário, transformando-o em unidade da Mulher.

Mudança continua parada no Hospital São Caetano

Médico de formação, o prefeito de São Caetano, Paulo Pinheiro, não conseguiu viabilizar uma das principais bandeiras da campanha eleitoral, que foi a transformação do Hospital São Caetano em atendimento referencial. Após dois anos de administração no Paço, os serviços seguem inalterados.

A governo peemedebista tenta tornar a unidade em modelo de retaguarda, esperando recursos externos.

Após passar maior parte de sua trajetória política no PTB, Pinheiro foi o responsável por sacramentar o fim da hegemonia de 30 anos da sigla no município. Prometeu instituir participação popular, mas não conseguiu retomar programa que poderia contemplar o público mais carente, o João de Barro. A ação foi criada pelo prefeito Luiz Tortorello (morto em 2004), que tem como base a construção de outras moradias com todas as benfeitorias nos terrenos onde antes existiam cortiços.
À época como vereador, Paulo Pinheiro era aliado de Tortorello quando o projeto foi implementado.

Principais promessas em Mauá e Diadema seguem no papel

O prefeito de Mauá, Donisete Braga, instituiu sua plataforma de governo prometendo ações que contemplariam maior sensibilidade aos idosos e a pessoas que sofrem doenças crônicas, mas, encerrada metade de sua gestão, nada ainda foi viabilizado neste sentido.

Entre as propostas do petista estavam previstas a construção de um CRI (Centro de Referência de Idoso) e também a elaboração de plano para realizar a entrega domiciliar de medicamentos para hipertensos e diabéticos.

Responsável por quebrar hegemonia do PT em Diadema, Lauro Michels (PV) enfatizou propostas administrativas, garantindo que o rival onerava os cofres públicos, impossibilitando a realização de serviços.

Porém, o verde ainda não conseguiu efetuar uma de suas premissas, que era o corte de 35% de funcionários comissionados em sua administração. Só diminuiu.

Além disso, Lauro não promoveu plano de cargos e carreira ao funcionalismo, também destacado durante campanha eleitoral. 




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