A apresentação da Unidos da Vila Rosa inaugurou, no início da noite de ontem, o desfile das escolas de samba do Grupo 1 de São Bernardo, na Avenida Aldino Pinotti. A agremiação entrou na passarela às 19h20 com problemas.

Dois carros quebraram no trajeto do barracão para a avenida e um ônibus com 45 integrantes das alas Pinoquio e Peter Pan quebrou na Via Anchieta. Os componentes não chegaram a tempo, o que deixou um buraco na avenida. A presidente da agremiação Vanda Santana chorou o desfile inteiro. Outras seis agremiações da cidade fariam o Carnaval até a alta madrugada.

Grupo 2 - Enfrentando dificuldades devido ao atraso na liberação de verbas da Prefeitura para a festa, as escolas de samba do Grupo 2 de São Bernardo tiveram de se apegar à garra de seus componentes para conseguir fazer uma Folia pelo menos próxima à que idealizavam, entre a noite de domingo e a madrugada de ontem.

Das quatro escolas participantes, as duas primeiras que se apresentaram na avenida - respectivamente a Unidos da Paulicéia e a Acadêmicos de Vila Baeta Neves - tiveram poucos integrantes.

Para o presidente da Acadêmicos de Vila Baeta Neves, Renato da Silva, a chegada tardia dos recursos gerou desmotivação e, por isso, muitas pessoas desistiram de desfilar. A agremiação, que tinha como tema o Sítio do Pica-Pau Amarelo, levou 164 componentes (o número mínimo, estabelecido pelo regulamento deste ano, era de 200) e deverá ser penalizada com a perda de pontos.

"Não fazemos milagre, isso é reflexo dessa administração municipal. Ter a verba poucos dias antes (do desfile) não dá", queixou-se.

Algo semelhante ocorreu com a Unidos da Paulicéia, cujo enredo versava sobre o beijo. "Temos 250 integrantes, e mais da metade faltou", disse o presidente da escola, José Roberto Hrdina.

As cerca de 8.000 pessoas presentes para ver o desfile - estimativa da Polícia Militar - mostraram mais empolgação a partir da terceira agremiação, a Camisa Vermelha e Branca, cujos tema homenageava suas cores.

Apesar de trazer animação, de ter contado com boas coreografias e com 380 componentes, a agremiação também fez queixas pela demora na liberação do dinheiro. "Pelo menos na administração municipal anterior, (a ajuda financeira) era entregue no fim do ano", afirmou o presidente da escola, Marcelo Silva de Verçosa.

A última a entrar na avenida Aldino Pinotti foi a Gaviões do Morro, que também levantou muita gente na plateia, com um samba envolvente sobre a migração do nordestino para a cidade grande e um desfile bem ensaiado, que passou bem o recado.

Frank Aguiar aprova Carnaval regional
Presente ao desfile do Grupo 2, o vice-prefeito de São Bernardo, Frank Aguiar, aprovou a ideia de o Grande ABC ter um Carnaval regional, apesar de avaliar que pode haver resistência. Em relação às críticas de demora na liberação de recursos, ele diz que se trata de cumprir a legislação.

DIÁRIO - O que o senhor acha de reunir as escolas de samba do Grande ABC, em um Carnaval regional?
FRANK AGUIAR - Acho belíssima a ideia, tem todo o meu apoio. Independentemente de ser em Santo André, em São Bernardo... Tudo que se pensa em relação à regionalidade é grandioso. E aí se pode fazer outras ações em cada cidade.

DIÁRIO - É possível implementar essa ideia?
FRANK - Acho que a discussão pode ser aberta.

DIÁRIO - O senhor acha que pode existir algum entrave?
FRANK - Cada um vai querer fazer na sua cidade. Poderíamos ter um sambódromo. Todos ganhariam.

DIÁRIO - As escolas reclamam do atraso nas verbas, o que senhor tem a dizer?
FRANK - Eles também atrasaram para organizar a prestação de contas. A lei tem de ser cumprida. Não foi bom pra ninguém, porque deixaram de investir nas fantasias e alegorias.