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Região supera 90% de cobertura vacinal em idosos acima dos 70

Apenas três grupos não atingiram a meta na imunização contra a Covid; especialista espera problema maior na faixa etária entre 20 e 49 anos

Bia Moço
28/06/2021 | 07:05
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André Henriques/ DGABC


Seis das sete cidades do Grande ABC – Mauá não retornou os questionamentos até o fechamento desta edição – atingiram a meta de vacinar mais de 90% da população acima dos 70 anos contra a Covid-19. Há exceção apenas em alguns públicos-alvo em três cidades: São Caetano, que protegeu apenas 82,9% dos idosos entre 80 e 84 anos; Diadema, que vacinou 68,9% das pessoas até 74 anos; e Ribeirão Pires, que atingiu 85% dos moradores acima de 90 anos – veja na tabela abaixo.

De acordo com dados informados pelas prefeituras, somente São Bernardo e Rio Grande da Serra têm 100% de cobertura vacinal dos idosos acima de 70 anos. Na sequência, Diadema foi a cidade que mais atingiu a totalidade, com as faixas etárias da população entre 75 e 89 anos imunizadas contra a Covid por completo.

O saldo positivo para região é que o número de mortes em razão da doença entre os pacientes mais velhos despencou nos últimos meses. Conforme mostrou o Diário em maio, dados levantados pela Arpen (Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais) e publicados no Portal da Transparência do Registro Civil comprovaram que os óbitos de pessoas com 70 anos ou mais caíram em 41,5% na comparação entre março e abril deste ano.

No entanto, mesmo com cenário positivo para a população mais idosa, o médico do serviço de controle de infecção hospitalar do HU (Hospital de Urgência) de São Bernardo José Raphael Bigonha Ruffato acredita que o público mais jovem possa demonstrar maior resistência para se imunizar.

“Acho que o pior público a se vacinar será o adulto jovem, ou seja, pessoas entre 20 e 49 anos. Não tenho dúvidas de que será a pior faixa etária, e essa vai criar polêmica para se proteger”, prevê o médico, explicando que o principal motivo é pela disseminação de fake news nas redes sociais.

Ruffato destaca que, desde o início da fabricação dos imunizantes, diversas polêmicas recaíram sobre as vacinas, e que essa faixa etária foi a mais atingida por falsas notícias, sobretudo pelo acesso mais constante à internet.

“Quando se começou a falar em vacina teve muita gente questionando a eficácia das doses, ou a impossibilidade de se fazer um imunizante em pouco tempo. E teve até alguns médicos falando em redes sociais que era impossível ser alcançada (a vacina em pouco tempo), e isso, com certeza, teve grande impacto também. A população ver um médico falando contra (a vacinação), gera um impacto muito grande na decisão de se vacinar, e, definitivamente, isso contribuiu (para tirar a credibilidade da campanha)”, lamentou o infectologista. “Isso tudo somado a uma política que não estava preocupada em garantir a imunização por vacina e, sim, em tratar a doença precocemente, estratégia que não foi bem-sucedida”, lamentou o especialista.

Ruffato pontuou que algumas intercorrências durante o período de testes também foram significativas para que pessoas que já estavam tendendo a ir contra a imunização fortalecessem seus discursos, e frisa que jovens abaixo dos 20 anos, adolescentes e crianças serão públicos de fácil acesso para vacinação. “O problema está relacionado aos pais destes grupos, ou seja, os adultos jovens, e que estão veementemente fazendo campanha nas redes sociais contra a vacina”, finalizou o médico, destacando ainda que, assim como ele esperava, a imunização acima de 70 anos teve sucesso. “Sempre achei que não teríamos problemas porque o Brasil tem uma cultura vacinal estabelecida”, comemorou.

Hábito auxilia boa adesão da campanha

Com mais de 90% da população acima dos 70 anos vacinada contra a Covid-19 no Grande ABC, o ifectologista e fundador do IBSP (Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente), José Ribamar Branco, avalia que o bom índice se deu pela confiança que a população brasileira tem no PNI (Programa Nacional de Imunização).

“Ninguém tem dúvida que a cobertura vacinal é essencial para o controle de doenças. Já conseguimos uma boa cobertura vacinal contra a Covid com a população idosa no Brasil inteiro, o que mostra que a população quis se vacinar, sobretudo porque já estão acostumados com isso”, frisou.

Branco destaca que, “graças ao costume vacinal” as fake news e discursos contrários à imunização perderam força entre pessoas com 70 anos ou mais. “(O presidente Jair) Bolsonaro (sem partido) não teve nenhum mérito no andamento da vacinação. Apesar de ele não incentivar a campanha, as pessoas foram se vacinar porque faz parte da cultura brasileira, e já se sabe que há benefícios e que é a única forma de controlar a doença”, pontuou Branco. “Poderíamos ter mortalidade muito menor, e um retorno econômico mais rápido, se tivéssemos comprado vacina mais precocemente e feito um isolamento físico mais eficiente, coisa que nunca teve no Brasil. Mas, para se vacinar, houve consenso da população”, disse o médico, afirmando que, com o avanço na imunização em todo o País, “vamos conseguir controlar a doença até novembro”. 




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