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Agentes são escoltados até ponto de ônibus
Por Bruno Ribeiro e Luciano Cavenagui
Do Diário do Grande ABC
29/06/2006 | 08:02
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Os agentes penitenciários da região estão vivendo em um verdadeiro clima de terror após o assassinato do colega ocorrido quarta-feira em Itapecerica da Serra e do plano do PCC em matar pelo menos 15 funcionários do CDP (Centro de Detenção Provisória) de São Bernardo, na segunda-feira. A intenção inicial da facção era realizar ataques simultâneos nos quatro CDPs do Grande ABC. Mas como a primeira ação, em São Bernardo, foi frustrada, os criminosos abortaram os outros três ataques.

Os funcionários dos CDPs estão em estado de alerta total e redobraram os cuidados de segurança para não serem surpreendidos por um ataque do grupo criminoso. Procuram andar sempre em grupos nos horários de entrada e saída dos turnos, muitas vezes são escoltados pela Polícia Militar até um local de transporte considerado mais seguro e algumas escalas de trabalho foram alteradas para despistar os criminosos.

Dentre as cinco pessoas ligadas ao PCC que foram presas na ação de segunda-feira, três são mulheres. Segundo a polícia, elas tiveram a missão de observar toda a rotina dos funcionários.

Por conta disso, muitos agentes alteraram seu cotidiano. “Sou pai de três filhos e dependo do emprego para sustentar a casa. Desde segunda-feira, só deixo o trabalho acompanhado por outros colegas. Às vezes, vou até um ponto de ônibus, outras vezes, pego carona com outros funcionários”, afirmou um agente do CDP de São Bernardo.

“Já cheguei a alterar meu turno e comecei a trabalhar duas horas mais cedo para ir embora em um horário diferente. Os policiais militares também estão nos ajudando com escoltas até os locais de transporte. Estou muito apreensivo com a situação”, relatou um funcionário do CDP de Diadema.

Nesse CDP, funcionários contam que o clima no interior do prédio é de normalidade. “A chefia não me passou nada sobre mudanças. Nem houve comunicados oficiais sobre a morte do rapaz de hoje (quarta-feira). Nossas funções e nosso trabalho não sofreram mudanças desde os ataques do PCC do mês passado com relação à segurança”, diz um agente.

Esse agente explica que, se dentro do prédio é possível levar uma vida normal, o mesmo não acontece com os agentes fora do presídio. “A gente vai de casa para o trabalho, do trabalho para casa. Evita sair por qualquer coisa. Deixamos para fazer compras ou pagar contas de uma vez só, e não visitamos mais nossos parentes”. Por isso, segundo esse agente, muitos colegas se sentem mais seguros quando estão lidando com os presos do que quando estão na rua.

Laudos – O chefe da equipe de peritos do IML (Instituto Médico-Legal) de Diadema, Luiz Hoppe, informou que enviou quarta-feira à tarde para a polícia o laudo de três dos 13 mortos que foram periciados em Diadema. Hoppe disse que não poderia se pronunciar sobre os detalhes da perícia, pois estaria impedido por uma resolução do Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo).

A direção do IML de São Bernardo não foi localizada quarta-feira para comentar a perícia dos outros 10 corpos. A polícia está impedida de divulgar informações sobre o caso por uma decisão judicial. O Ministério Público informou quarta-feira que ainda não teve acesso a nenhum laudo das mortes.



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