Conclusão de estudo realizado pela Universidade Municipal de São Caetano mostra o quanto estão errados os gestores que apostam todas as fichas do combate às enchentes na construção de piscinões. É evidente que os reservatórios ajudam, e não podem ser dispensados, mas, como tem ficado cada vez mais claro nos primeiros dias deste verão chuvoso, não são a solução definitiva do problema. Apesar de vultosos investimentos neste tipo de empreendimento antienchente, os alagamentos seguem provocando inúmeros transtornos nas cidades do Grande ABC. O estudo da USCS alerta para a necessidade de revisão dos planejamentos municipais.

O lamentável episódio ocorrido no fim da tarde de terça-feira, quando o trânsito na Avenida João Ramalho, área central de Mauá, foi interrompido pelas águas que transbordaram do piscinão instalado nas imediações do Paço, valida a tese dos estudiosos da USCS. Ao atrair para si todo o volume d’água de seu imenso raio, o reservatório acabou se transformando em bomba-relógio, acionada pelo transbordamento de sua capacidade. Foram horas e mais horas de transtorno.

Apesar de sua eficácia limitada, os piscinões seguem sendo a menina dos olhos de prefeitos e também de governadores – o paulista João Doria (PSDB) acaba de anunciar que vai a Brasília atrás de recursos para construir outros cinco reservatórios no Estado, um deles exatamente em Mauá, no Jardim Miranda D’Aviz. A estimativa do Palácio dos Bandeirantes é investir R$ 350 milhões no conjunto de obras.

A parte mais interessante do estudo da USCS é que ela fornece alternativas muito mais simples e baratas aos complexos e dispendiosos piscinões. A construção de prosaicos jardins de chuvas, pequenas áreas verdes que permitem a absorção da água em territórios cimentados, fornece resultados significativos no combate às enchentes. Outra medida eficaz, segundo os pesquisadores, é a instalação de telas protetoras para evitar o entupimento de bocas de lobos. Podem garantir menos votos nas urnas, mas dão mais resultados. A ciência garante!