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Zé Ramalho canta Bob Dylan

Passados anos tendo Dylan como compositor de cabeceira, Ramalho presta agora reverência a ele no CD e DVD Zé Ramalho Canta Bob Dylan

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06/01/2009 | 07:07
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Um dos muitos compositores que fizeram a trilha sonora da juventude de Zé Ramalho - e ajudaram a ampliar sua formação musical -, o norte-americano Bob Dylan foi descoberto pelo paraibano no período da contracultura, no final da década de 1960. Ao ouvir um disco com vários sucessos de Dylan, lhe chamou atenção, em particular, seu jeito de cantar e as longas letras de cunho político, social e lisérgico.

Passados anos tendo Dylan como compositor de cabeceira, Ramalho presta agora reverência a ele no CD e DVD Zé Ramalho Canta Bob Dylan - Tá Tudo Mudando (EMI, R$ 30 e R$ 40, respectivamente). "Era um projeto que eu estava amadurecendo há alguns anos. Meu conhecimento da obra dele é muito amplo. É como mergulhar nos sentimentos de um poeta para outro, além de misturar os dois universos, saindo um novo som", define.

Ramalho já havia esboçado o desejo de homenageá-lo na versão em português que escreveu para Knockin' on Heaven's Door, na década de 1990. Naquela época, estava gravando 20 Anos Antologia Acústica enquanto rodava o Brasil se apresentando ao lado de Alceu Valença, Elba Ramalho e Geraldo Azevedo no projeto O Grande Encontro. "Nas passagens de som, intuitivamente, passei a fazer a versão. Começava cantando em inglês e fui colocando a letra em português. Surgiu naturalmente, de um feeling."

DESAFIO
Por quase dois anos, Zé Ramalho encarou o desafio de versionar para o português canções de Dylan, mantendo-se, o máximo possível, fiel ao material original. O que poderia ser uma cilada, ainda mais se tratando de um compositor de estilo tão irreproduzível como o de Dylan. "Tive grande cuidado para não fugir da visão do poeta, mesmo citando metáforas diferentes ou situações diversas. O prazer de ver o resultado final pronto foi maior do que os desafios e as dificuldades."

Ramalho ousou transportar para seu universo ‘Nordeste-MPB-Quase-Nada-de-Pop' composições como o clássico Blowin' in the Wind, rebatizado de O Vento Vai Responder. Em O Homem Deu Nome a Todos Animais fez a tradução literal da bíblica Man Gave Names to All the Animals - faixa do disco Slow Train Coming, que ressoava a conversão de Dylan ao cristianismo.

Com o parceiro Babal, a emblemática Like a Rolling Stone virou Como Uma Pedra a Rolar e, com o mesmo Babal, fez de outro clássico dylaniano, Don't Think Twice, It's All Right, a canção Não Pense Duas Vezes, Tá Tudo Bem.

COLABORADORES
Para esse projeto afetivo, Ramalho angariou colaborações de outros versionistas, como Caetano Veloso e Péricles Cavalcante, autores de Negro Amor, releitura de It's All Over Now, Baby Blue (gravada por Gal Costa no álbum Caras e Bocas, em 1977). Produzido por Robertinho de Recife, o CD traz ainda uma música inédita, Para Dylan, de autoria de Ramalho, e uma outra, If Not For You, cantada em inglês.

O CD e o DVD foram gravados nos Studios Robertinho de Recife - Pólo Rio de Cine e Vídeo, no formato ao vivo, com Zé Ramalho acompanhado de sua banda no palco. Mas sem plateia, segundo o compositor, para facilitar a captação dos sons, instrumentos e vocais.

Dylan pode não ter entendido uma palavra do que está sendo cantado no disco desse seu admirador brasileiro. Mesmo assim, ele comprou a ideia e deu aval para Zé Ramalho seguir adiante. Sem esse consentimento, o músico paraibano teria de engavetar o antigo projeto.




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