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Ato do MTST faz mercado ficar fechado por uma hora

Movimento sem-teto protestou na frente de comércio da família do prefeito de S.Bernardo

Por Vanessa de Oliveira
Do Diário do Grande ABC
22/12/2017 | 07:00
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Denis Maciel/DGABC


Integrantes do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) protestaram, na tarde de ontem, em frente ao mercado de propriedade da família do prefeito de São Bernardo, Orlando Morando (PSDB), localizado no bairro Batistini. Cerca de 300 pessoas participaram do ato, a fim de cobrar negociação por parte da Prefeitura com o grupo, que reivindica moradia. O estabelecimento ficou fechado por aproximadamente uma hora, tempo que durou a ação.

A manifestação ocorreu mesmo com mandado proibitório expedido anteontem pela juíza Fabiana Feher Recasens, após o estabelecimento requerer amparo judicial ao sofrer ameaça de invasão, como noticiado ontem pelo Diário. Na decisão, a magistrada ressaltou que “há indícios suficientes de que o réu esteja organizando manifestação, com risco ao comércio”. Por essa razão, determinou que o MTST “se abstenha de molestar, ameaçar ou esbulhar” o mercado, arbitrando multa de R$ 500 mil em caso de descumprimento.

A advogada do mercado, Ana Paula Carneiro da Costa, disse que pretende monitorar futuras ações dos manifestantes. “Entendo que a conduta não foi adequada e estaremos atentos se houver novas movimentações nesse sentido.” Outras duas unidades da rede – instaladas nos bairros Jardim Represa e Alvarenga – também estão respaldadas pela decisão.

O ato foi acompanhado por cinco viaturas da GCM (Guarda Civil Municipal) e três da PM (Polícia Militar), além do secretário municipal de Segurança Urbana, coronel Carlos Alberto dos Santos. Os manifestantes ocuparam a pista sentido bairro e, no tempo em que durou a ação, gritaram frases alusivas ao pleito de moradia. “A ideia é mostrar indignação com a ação do prefeito, que não tem se disposto a negociar junto às famílias”, disse um dos coordenadores do movimento, Josué Rocha, 28 anos. Desde o dia 2 de setembro, 8.000 famílias estão acampadas em terreno particular no bairro Assunção. A Justiça suspendeu, até 10 de abril de 2018, a ordem de reintegração de posse. O prazo foi autorizado para que seja concluída negociação entre o governo do Estado e o MTST para cessão de terreno para construção de moradias.

PROBLEMAS

A manifestação causou transtornos aos motoristas. Alguns atravessaram o canteiro central para pegar a via sentido Centro da cidade e não ficarem parados enquanto o ato acontecia. Por estar com um caminhão, o auxiliar de entrega Diego Freire, 24, não arriscou fazer a manobra e precisou esperar o fim da manifestação para prosseguir. “Estou indo buscar um sofá, mas vou atrasar, não vai ter jeito”, disse, impaciente.

O motorista Roni Delgado, 33, estava a um quilômetro da empresa onde trabalha e se mostrou indignado com o protesto. “Não é desse jeito que se resolvem as coisas, não podem impedir o nosso direito de ir e vir, temos compromissos.”

Às vésperas do Natal, o ato também prejudicou o mercado. “Traz um prejuízo, mas uns dez minutos depois reabrimos, os clientes estão ligando para perguntar se estamos funcionando, se está tudo bem e, agora, sem problemas, graças a Deus”, disse uma funcionária do comércio, que preferiu não se identificar.
 




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