Depois de registrar o maior preço do ano, o valor da cesta básica voltou a cair no Grande ABC. Mas, apesar de nesta semana o consumidor gastar R$ 355 para encher o carrinho do supermercado, economia de R$ 7,70, 2,12% menos do que na semana anterior, o preço médio dos produtos supera em R$ 30 o custo da cesta no mesmo período do ano passado, segundo pesquisa feita pela Craisa (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André).

"Está muito mais caro e, no geral, carne, frango e feijão, que registram valores muito altos ainda", explica o engenheiro agrônomo e autor do estudo, Fábio Vezzá de Benedetto.

Ainda vilão do bolso do consumidor, o feijão traz valor apenas R$ 0,04 mais baixo do que o apresentando há duas semanas - quando foi feita a última pesquisa. O valor médio é de R$ 4,16, praticamente mesmo patamar das semanas anteriores. "O preço do grão hoje lembra o de 2008, quando estava por volta dos R$ 5 e, no fim do ano, começou a cair. Em 2009, por todo o ano, ele era encontrado muito barato, quase de graça e agora esta nesse preço, uma fortuna", avalia o engenheiro.

Benedetto estima, no entanto, que a leguminosa deve seguir em queda até o fim do ano, sem novos sustos para o consumidor, que não fica sem o item na sua mesa.

A falta do trigo no mercado internacional também continua a mostrar as garras. Pão e farinha apresentaram alta de até 5% no período da pesquisa. Bolachas também aparecem mais caras por conta da falta de matéria-prima e custam R$ 1,46 nesta semana. Ovos, papel higiênico e açúcar também tiveram oscilação positiva de até 10,58%, no caso dos ovos, por exemplo.

HORTIFRUTI
Com a crescente dos itens, os produtos de hortifruti foram os responsáveis pela queda do valor médio geral da cesta. Depois de registrar preços salgados, tomate, bata e banana voltaram a cair e registraram valores até 26% menores do período.

Benedetto explica, no entanto, que nesta semana a pesquisa foi feita entre terça e quarta-feira, dias em que os supermercados tendem a baixar preços do setor para fazer promoções. "É bom que a consumidora pesquise muito para não ser pega desprevenida", avisa.

Frango e peixe passam a substituir carne

Os preços altos da carne bovina começam a fazer com que os consumidores do Grande ABC mudem os hábitos alimentares. É cada vez maior a quantidade de frango e peixe no carrinho de supermercado para evitar que o orçamento do mês fique inteiro no caixa.

A carne bovina custa, em média, R$ 16 nos mercados da região, mas os preços podem ser bem maiores, segundo o engenheiro agrônomo da Craisa (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André), Fábio Vezzá de Benedetto. "Em alguns lugares esse valor sobe para R$ 20", explica.

Mesmo na feira os valores seguem em escalada. O tesoureiro do Sindicato dos Feirantes do Grande ABC e dono de uma barraca de carne, Osmair Fernando Bento, diz que só nesta semana a rabada, por exemplo, disparou 16%. "O aumento da carne é grande e isso acontece porque o poder aquisitivo aumentou. Hoje, tudo é muito caro. Mesmo as miudezas (partes do porco e do boi menos procuradas, como moela, por exemplo) tiveram grande elevação no valor."

Frango e peixe, no entanto, registram queda nos preços e tornam-se muito mais atrativos ao bolso do consumidor. O peixeiro de Santo André Serafin Fernandes ressalta que o quilo do cação - peixe que se assemelha ao frango e que registra um dos valores mais caros - sai por R$ 14 nas barracas da região. "O preço do peixe está estável, não teve nenhum problema. O quilo da sardinha, por exemplo, sai muito mais em conta, por cerca de R$ 4,50", diz.

O presidente do sindicato dos Peixeiros de São Paulo, Giro Yamaha, atesta que a busca pelo pescado ainda segue normal, mas aponta que quem está disposto a gastar pouco e comer bem não se arrepende de comprar peixe.

"Há muitos peixes bons e sempre frescos por menos de R$ 16 o quilo (valor médio da carne na região)", alerta.

Benedetto defende que as carnes brancas tornam-se boas opções não apenas por trazer preços que cabem no bolso, mas também pelo valor nutricional que agregam. "Elas se tornam ótimas alternativas para uma época como agora. Se o consumo da carne cair, os preços também tendem a seguir isso." (Paula Cabrera) 

Fonte: COMPANHIA REGIONAL DE ABASTECIMENTO INTEGRADO DE SANTO ANDRE