Turismo Titulo Gastronomia
Brinde ao Paladar
Rodolfo Tiengo
Enviado da APJ à África do Sul
03/06/2010 | 07:00
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Encravada na península sul-africana, há uma concentração de fazendas produtoras de vinho que são de causar espanto a qualquer sommelier experiente. Guardadas as influências europeias em grande parte dos sabores disponíveis, são vinícolas com identidade própria, um know how que coloca a África do Sul entre os nove maiores países produtores de vinho do planeta - são quase 710 milhões de litros produzidos anualmente.

Tudo começa pela sofisticação para receber os tasters, traço presente desde os belos jardins que abrem os estabelecimentos até as adegas, com atendentes qualificados para a função. Um lugar mais bonito que o outro.

O melhor de tudo é que, mesmo com todo o clima europeu e a beleza dos lugares, os vinhos são bem baratos. Há garrafas de boa qualidade que custam a partir de 24 randes (pouco mais de R$ 6).

A reportagem esteve em pelo menos quatro winelands, cortando as paisagens mais belas do Oeste da península sul-africana. Pagamos 250 randes (R$ 59) por pessoa pelo passeio padrão com guia turístico, incluídas as taxas de degustação - que custam a partir de 20 randes (menos de R$ 5) e dão direito a cinco tipos de vinho, em média -, o deslocamento de carro e a vista, que não tem preço.

Mas o que dizem por aqui é que é preciso conhecer pelo menos umas 20 fazendas para se ter real dimensão da extensa carta de vinhos sul-africana.

No roteiro que começamos pela manhã, a primeira agradável surpresa foi Fairview, cuja produção data de 1693. São mais de 20 opções para os degustadores, entre vinhos brancos, de sobremesa, tintos, além das edições limitadas.

Provamos vinhos brancos como o Weissir Riesling (44 randes, ou R$ 10) e o Viognier (70 randes, ou R$ 16,50), com aromas de pêssego. Também experimentamos o Pinotage Viognier (tinto seco de 62 randes, ou R$ 14,60), que é imperativo para qualquer visitante, já que a uva Pinotage é exclusiva da África do Sul. É ideal para acompanhar carnes e cream cheese, segundo o tasting host Jesse.

Mas se você for a Fairview, não se contente com os vinhos. Reveze seus goles com boas salpicadas de queijos como o roché, 100% com leite de cabra, e o crottin. Vá com calma ao queijo camembert, cujo gosto é bem forte e esquisito.

Quer uma combinação perfeita? Tome bom vinho de sobremesa, como o sweet red (47 randes a garrafa, ou R$ 11) acompanhado do queijo blue tower. Dá vontade de sair de lá com centenas de pacotes de queijo e garrafas...

Vinícolas de Stellenbosch

Para fechar bem nosso passeio, nada melhor do que a famosa Stellenbosch e suas elegantes vinícolas. Na de Morgenhof, entre as 12 opções, compensa experimentar e levar o vinho da casa, Morgenhof Estate, cuja garrafa custa 180 randes (R$ 42,50). Bem encorpado e com aromas combinados de amoras e ameixas, o vinho é uma experiência palatal e tanto. Debaixo de árvores e caramanchões, os visitantes podem almoçar por ali mesmo e desfrutar de ambiente extremamente calmo - difícil é querer ir embora.

Já na vinícola de Spier - que ainda por cima está ao lado do restaurante Moyo's e tem jardins perfeitos para fazer piquenique -, você recebe um cartão no qual assinala o que vai experimentar de acordo com sua personalidade - ou o contrário. É uma brincadeira interessante para ajudar a escolher entre os mais de 20 vinhos, que custam entre 24 e 148 randes (R$ 5,70 e R$ 35). Se você gostar mais do Chardonnay, por exemplo, são grandes as chances de sua personalidade ser independente e carismática. E se o que mais te agradar for o Sauvignon Blanc, sinal de que é pessoa decidida, charmosa e cheia de energia.

A inebriante Franschhoek

Uma bandeira da África do Sul flameja no alto e os portões se abrem ao lado da rodovia, na belíssima e bucólica região de Franschhoek. A estância, a 83 quilômetros da Cidade do Cabo, é famosa pela produção de centenas de marcas e combinações diferentes. Estamos em Graham Beck, nossa segunda estação na rota dos vinhos. Ao lado do estacionamento, jardins e pequenos caminhos para pedestres entre as árvores e muitos esquilos correndo pelo descampado.

Antes de chegar à recepção da vinícola - uma mansão com ar de realeza -, em vez de pedrinhas, os degustadores pisam sementes de pêssego e ainda se deparam com dois enormes espelhos d'água vigiados por estátuas de bronze.

Dentro da sala de degustação, toda envidraçada e com confortáveis sofás, o visitante recebe menu com 30 alternativas de vinhos, que custam entre 35 e 195 randes (de R$ 8 a R$ 46) por garrafa. Uma mixaria... Difícil é escolher as cinco goladas. Dentre as provadas pela reportagem, destaque para o Graham Beck Viognier (75 randes, ou R$ 18), ideal para acompanhar peixe e frango. Não deixe de experimentar o Rhona Muscadel, vinho para sobremesa bem suave e que custa apenas 55 randes (R$ 13).

Hora do almoço. Na pequena vila de Franschhoek, com seus cerca de 13 mil habitantes e dezenas de restaurantes de comida francesa e italiana, uma rápida refeição no elegante Bicccs. Momento perfeito ao ar livre e debaixo de vários salgueiros. Descanso com direito à Windhoek, cerveja da Namíbia cuja long neck custa 14 randes (R$ 3,30). Deliciosa...

Antes de partir, passada no monumento erguido em 1943 em homenagem aos franceses que ocuparam a região. A instalação é formada por três arcos, que se completam com um sol e uma cruz.

Por fim, saia da cidade e aviste tudo de cima da colina. Repare nos lagos bem azuis e nos telhados cinzas das casas. Vire para trás. Lá está a montanha, enorme e imponente.




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