Setecidades Titulo Educação
Consórcio discute plano
regional para Educação

Com plano de carreira, objetivo é evitar migração
dos professores e criar condições iguais de trabalho

Por Natália Fernandjes
Do Diário do Grande ABC
15/10/2013 | 07:00
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Claudinei Plaza/DGABC


A discussão de incentivos para a permanência de educadores nas redes municipais das sete cidades da região é pauta dos secretários de Educação no Grupo de Trabalho destinado à área no Consórcio Intermunicipal. Um plano de carreira regional – com condições semelhantes de trabalho, salário e formação aos professores – é visto como alternativa para evitar a migração entre as prefeituras, como acontece.

Conforme explica a secretária de Educação de São Bernardo e presidente da Undime (União Nacional dos Dirigentes Municipais de Ensino), Cleuza Repulho, a valorização profissional depende de vontade política e investimento. “Por isso que brigamos tanto pelos 10% do PIB (Produto Interno Bruto) para a Educação.”

Para Cleuza, um dos maiores desafios dos gestores atualmente é manter corpo docente e carreira atrativa para os jovens. A estimativa do MEC (Ministério da Educação) é de que haja déficit de 100 mil professores no País somente nas áreas de Química, Física e Matemática. “Corremos o risco de enfrentar um apagão de profissionais”, ressalta.

Para o gerente de conteúdo do Todos Pela Educação, Ricardo Falzetta, a melhor maneira de atrair profissionais é investir em políticas públicas. “A sociedade precisa entender a importância do professor e que dele depende a formação de todos os outros profissionais”, comenta.

Para a secretária-geral do Sindserv SBC (Sindicato dos Servidores Públicos de São Bernardo), Cássia Tochetto, educadora há 30 anos, a discussão regional não abrange todas as demandas. “Corremos o risco de ter achatamento dos salários, tendo em vista que cada cidade tem sua arrecadação”, ressalta. Na região, todas as prefeituras têm piso salarial acima do nacional – R$ 1.567 – , podendo chegar a R$ 2.800 por 40 horas semanais.

Estado

Na rede estadual, a situação é semelhante. Representantes das subsedes da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) na região, consideram que o Dia dos Professores, comemorado hoje, é data de reflexão e luta, e destacam a falta de profissionais e condições inadequadas de trabalho como principais problemas.

A Secretaria Estadual da Educação informou que tem política salarial que prevê, em lei, aumento escalonado de 45% em três anos, com salário mensal de R$ 2.257,84, acima do piso. Além disso, em unidades do Grande ABC estão sendo investidos R$ 130 milhões em obras de melhorias.

O Estado informou ainda que o quadro de profissionais é suficiente para atender à demanda.

Prazer de ensinar supera dificuldades

Não há dificuldade do dia a dia que faça a professora Eliane Luz Francisco Gomes, 53 anos, desistir da profissão escolhida há 11 anos. A educadora das redes municipais de Diadema e da Capital destaca que não há prazer maior do que o de alfabetizar um estudante. “Acompanhar o aprendizado de um aluno é algo bárbaro. Não tem salário que pague isso”, observa.

Segundo a docente, a tarefa de lecionar, escolhida após trabalhar na área administrativa de uma creche, é essencial para que exista futuros profissionais no País. “Infelizmente somos desvalorizados pela sociedade, não só pelos governantes, mas meu trabalho é mais importante do que o de um professor universitário”, comenta.

Para Eliane, é essencial que haja investimento em formação de qualidade por parte dos gestores para a manutenção do trabalho. “Não adianta ter tecnologia de última geração se não tem conhecimento”, diz.

Paixão

No caso da educadora da rede estadual de Santo André há 30 anos, Maria Isa de Meira Campos Sapuppo, o amor pela Pedagogia surgiu ainda na infância. “Ajudava vizinhos, familiares e a vontade foi crescendo. Acabei passando essa paixão, inclusive, para uma das minhas filhas que também leciona”, conta.

A professora considera a falta de participação dos pais na comunidade escolar um outro ponto que acaba interferindo no processo de aprendizagem. “Os alunos muitas vezes não apresentam os avanços que a gente gostaria”, ressalta.




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