Economia Titulo Índices
Região fecha o 1º semestre
com saldo comercial negativo

É o primeiro deficit desde o início da série histórica, há sete anos; Grande ABC reflete trajetória ruim do comércio Exterior do País

Por Leone Farias
do Diário do Grande ABC
27/07/2013 | 07:23
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O Grande ABC fechou o primeiro semestre com saldo comercial negativo (importações maiores que as exportações). É a primeira vez que isso ocorre, pelo menos, nos últimos sete anos, de acordo com os dados disponíveis do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

O deficit foi de US$ 336 milhões e se deveu à expansão tímida das vendas ao Exterior – de apenas 1,3% de janeiro a junho ante o mesmo período de 2012 – e ao forte impulso (de 23%) nas compras de produtos de outros países.

O deficit comercial aponta cenário preocupante, pois significa que em vez de produzir riqueza e empregos por aqui, a tendência é que estes sejam gerados em outros países, segundo especialistas. A situação da região retrata um problema que é nacional. No primeiro semestre, o Brasil também fechou com saldo negativo (de US$ 3,2 bilhões), principalmente por causa do forte deficit na balança da indústria de transformação (ou seja, de produtos manufaturados), que alcançou US$ 33,3 bilhões. É a primeira vez desde 2001 que o País não alcançou superavit comercial.

A trajetória difícil para o comércio exterior do Grande ABC se deve, sobretudo, a dois fatores: o primeiro é o câmbio, que passou um bom tempo com o real muito valorizado frente ao dólar. “Embora tenha melhorado agora (neste mês a moeda norte-americana chegou a R$ 2,25) demora um tempo para fazer efeito. Quem comercializa internacionalmente, quando há uma mudança cambial, espera para ver se é sustentável”, diz Sandro Maskio, professor de Economia da Universidade Metodista de São Paulo. O segundo motivo é a demanda retraída do mercado em outros países. Maskio observa que instituições como o Banco Mundial revisaram para baixo suas projeções de crescimento do comércio Exterior. “O mundo ainda não se recuperou (da crise de crédito global)”, concorda com o professor de Economia da USCS (Universidade Municipal de São Caetano) Radamés Barone.

Relatório do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial) também cita que o fato da taxa de câmbio ter se depreciado recentemente não implica automática retomada da indústria. Para a entidade, há necessidade urgente de aprimoramento da infraestrutura, de melhora na Educação, e de reforma no “intrincado” sistema tributário.

SÃO BERNARDO - No Grande ABC, as exportações são lideradas por São Bernardo, que responde por mais de 65% do total da receita obtida pelas empresas da região com as vendas ao Exterior. O município segue como destaque no ranking dos maiores exportadores do País, mas caiu uma posição em relação a 2012 e agora ocupa a décima colocação no valor alcançado com as encomendas internacionais (R$ 2,079 bilhões no semestre), com pequena melhora de 5% ante o resultado da primeira metade do ano passado. Isso por causa da sustentação nas vendas de automóveis, caminhões e chassis de ônibus.

O acordo bilateral, na área automotiva, entre Brasil e o México; a melhora na relação comercial do País com a Argentina nos últimos meses e bons desempenhos de vendas de caminhões – principal item da pauta de vendas externas de São Bernardo, com 11,6% do total da receita com exportações do município – e chassis de ônibus – segundo da pauta, com 11,5% –, por exemplo, para países da América do Sul colaboram para a manutenção da cidade entre as dez do ranking nacional.
 




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