Márcio Bernardes Titulo
‘Pra não dizer que não falei de flores’

Recorro ao título da música imortalizada por Geraldo Vandré, pois reconheço que estou sendo muito duro nas críticas à África do Sul. Desde...

Por Especial para o Diário
08/06/2010 | 00:00
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Recorro ao título da música imortalizada por Geraldo Vandré, pois reconheço que estou sendo muito duro nas críticas à África do Sul. Desde que estive aqui em dezembro para o sorteio da Copa constatei problemas graves no país e na organização do Mundial.

A distorção social é muito grande, maior até que no Brasil. Os altos índices de doenças e insegurança, além da baixa oferta de educação são evidentes. E um evento como a Copa do Mundo precisa atender a várias exigências. Aqui isso é impossível.

Há 20 anos acabou o apharteid e já se vê a ascensão social dos negros. São bons empregos e melhores moradias para eles. Além de educação e vida social. Mas falta muito, indiscutivelmente.

Em Joanesburgo há áreas de primeiro mundo. O bairro de Sandton, por exemplo. Lembra muito os Jardins, em São Paulo. As ruas são largas, bem asfaltadas, os prédios modernos, casas luxuosas e alta condição de vida.

O entorno de Sandton está muito bem desenvolvido. O hotel que hospeda a Seleção Brasileira em Randburg fica dentro de um condomínio luxuoso que lembra Alphaville. Além de um clube de golfe semelhante aos do primeiro mundo.

Conheci também o cassino, distante 30 quilômetros do centro. É um prédio grandioso e luxuoso, daqueles que lembram Las Vegas. Além de um moderno centro de jogos, há também dezenas de lojas, restaurantes, bares, boates e outros pontos de diversão.

Funciona até tarde, gente bonita e turistas predominam. Nem parece que estamos na pobre África.

AMBIENTE HOSTIL

Acompanhei a coletiva de Dunga e Jorginho após o amistoso contra Zimbábue. Foi no belíssimo hotel da Seleção aqui em Joanesburgo.

Centenas de jornalistas, predominantemente brasileiros, presentes. Lamentavelmente o clima estava muito pesado. Dos dois lados.

A imprensa, como sempre, fazendo suas perguntas e dando algumas cutucadas. Dunga, como sempre, respondendo pouco amigavelmente.

Algumas vezes ficou claro a falta de sintonia e o antagonismo entre a comissão técnica e os jornalistas. Quase ultrapassou a civilidade.

Depois da coletiva conversei com alguns colegas e ficou claro que não há a mínima condição da menor camaradagem.

Se o Brasil ganhar a Copa da África vão repetir 1994. Se perder, Dunga será massacrado, muito mais que em 1990. Quem viver, verá.

Não precisava chegar a esse ponto!




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