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Como dizia o Chacrinha

O negócio é o seguinte: conforme explicou o governo, não existe nenhum dossiê contra Fernando Henrique e sua família

Carlos Brickmann
21/05/2008 | 00:00
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O negócio é o seguinte: conforme explicou o governo, não existe nenhum dossiê contra Fernando Henrique e sua família. Aliás, quem cometeu o crime de vazar o dossiê que não existe não foi ninguém do governo, mas um oposicionista, o senador Álvaro Dias, do PSDB paranaense. E, a propósito, o crime não é crime, já que os dados do dossiê que não existe são apenas reservados, e portanto podem ser divulgados após cinco anos, que já se passaram. Mesmo assim, o servidor público José Aparecido, que não divulgou o dossiê que não existe e cuja divulgação não é crime, foi indiciado em inquérito pela Polícia Federal.

José Aparecido já disse, mas hoje não diz, que a ordem para montar o dossiê que não existe partiu de Erenice Guerra, braço- direito da ministra Dilma Rousseff. Resumindo: Erenice Guerra não deu ordem para elaborar nenhum dossiê inexistente. E a ministra Dilma, disciplinada integrante do governo, não sabe de nada - até porque não existe nada, embora já haja um funcionário seu que pode até - no que este colunista não acredita - acabar preso pelo crime que não é crime.

O caro leitor certamente já percebeu que toda essa história do dossiê que não é dossiê e que aliás não existe foi forjada pela imprensa má, feia e bobona. Esses jornalistas são capazes de tudo: até de colher declarações de gente que não tem nada com o caso e conta num dia tudo o que vai desmentir no dia seguinte.

Como dizia Chacrinha, naquele que pode ser o lema de alguns ministros deste governo, "eu não vim para explicar: vim para confundir".

GENTE FINA
André Fernandes, assessor do senador Álvaro Dias, era velho amigo de José Aparecido. Mas não hesitou em jogá-lo às feras, ao divulgar o dossiê sem tomar qualquer cuidado para encobrir sua origem. Já José Aparecido, homem de confiança de Erenice Guerra, primeira-auxiliar da ministra Dilma, jogou o governo inteiro às feras, ao entregar documentos ao amigo da oposição. Muy amigos.

GUERRA EM BRASÍLIA
O Supremo decidiu que medidas provisórias, na forma da Constituição, só podem ser baixadas em situação de emergência. No mesmo dia, o governo editou mais MPs, para dar aumento ao funcionalismo - o que deveria estar previsto no orçamento e, portanto, não é questão de urgência. Resultado: DEM e PSDB vão obstruir as votações no Senado, a menos que o governo retire as medidas provisórias. Sem a oposição o Senado não anda. Romero Jucá, líder do governo (e que, como foi líder também de Fernando Henrique, tem bom trânsito com os hoje oposicionistas) está tentando negociar. É quase uma missão impossível.

FESTA SEM BRIGADEIRO
Mau sinal para Geraldo Alckmin, em sua luta do eu-sozinho para ser prefeito de São Paulo: à festa de seu maior triunfo, a conquista de apoio do PTB, não compareceram 11 dos 12 vereadores do seu PSDB, nem o petebista Arnaldo Faria de Sá, que deve ser o vice, nem caciques petebistas como o ex-governador Luiz Antônio Fleury. O governador José Serra, companheiro de partido, nem mandou representante. E o PTB já avisou que seu apoio tem preço: uma chapa comum para a Câmara de Vereadores, que garantiria a eleição de uns quatro petebistas. Isso o PSDB não tem como aceitar, já que quatro tucanos ficariam fora.

TERRA PARA QUILOMBOLAS
O governo do Pará entregou terras a 178 famílias descendentes de quilombolas, escravos que se rebelaram e criaram comunidades em que eram livres. A promessa da governadora Ana Júlia (PT) é entregar, até o fim do mandato, sete milhões de hectares, atendendo a todos os descendentes de quilombolas.

VITOR OU VITÓRIA
Um oficial da Marinha, comandante de um Batalhão Escolar na Escola Naval do Rio, com bons antecedentes, decidiu operar-se para mudar de sexo. Como punição, foi afastado do posto. E reivindica às autoridades da Marinha que o mantenham no posto, com a mesma patente de capitão de corveta - ou, na pior das hipóteses, que o desligamento seja amigável, talvez pela reforma. A Marinha não quis ainda se pronunciar sobre o caso. Em casos semelhantes, as Forças Armadas brasileiras afastaram os transsexuais.




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