Economia Titulo Balanço
Em 3 anos, Grande ABC perde 89.584 empregos

Montante equivale a um terço dos
postos criados entre 2004 e 2013

Gabriel Russini
Especial para o Diário
21/01/2017 | 07:06
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Divulgação


Nos últimos três anos, o Grande ABC eliminou 89.584 postos de trabalho com carteira assinada. O montante equivale a um terço da geração de emprego formal entre 2004 e 2013, com 270.795 vagas. Os dados são do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) do Ministério do Trabalho.

Faz três anos que a região amarga saldo (contratações menos demissões) negativo de vagas. Em 2016, 31.608 pessoas perderam suas ocupações – foi o segundo pior resultado desde 2004, quando teve início a série histórica com recorte municipal. O recorde foi atingido em 2014, com a eliminação de 43,6 mil postos.

O setor responsável por extinguir a metade dos empregos no ano passado foi a indústria, ao despedir 15.808 trabalhadores com registro em carteira. O volume difere do divulgado ontem pelo Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), de 20,3 mil cortes no ramo, porque a entidade considera os dados de suas associadas, que incluem postos sem vínculo empregatício.

Entre as sete cidades, a que mais se destacou na eliminação de empregos foi São Bernardo, ao registrar o maior número de demissões, 15.406, quase a metade do saldo regional – onde justamente se tem forte presença de indústrias e cinco montadoras. Para se ter uma ideia, o número supera o total registrado nas outras seis cidades (16.295).

Para o economista e coordenador do curso de Administração do Instituto Mauá de Tecnologia, Ricardo Balistiero, a economia do Grande ABC segue em paralelo com o cenário nacional, de aumento do desemprego e recessão. “Não tem jeito, ainda mais em uma zona industrial como a região, com a concentração de várias empresas automobilísticas. Elas pararam de vender, então tiveram que demitir. A capacidade ociosa de hoje é a mesma de 11 ou 12 anos atrás”, explica Balistiero.

Os efeitos são gerados em cadeia: se as indústrias têm queda nas vendas, logo têm menos dinheiro em caixa, com isso, demitem os operários, que consequentemente reduzirão despesas em outros setores em razão do desemprego. Não à toa, serviços eliminou 8.114 postos e, o comércio, 3.497. A construção civil demitiu 3.487.

No País, 1,32 milhão de pessoas perderam o emprego no ano passado. Apesar do número negativo, o saldo ficou abaixo da perda do 1,54 milhão de postos em 2015. Na soma, porém, já são 2,86 milhões.

Somente em dezembro, 6.208 profissionais foram demitidos na região. Quem capitaneou os cortes foi serviços (-3.201), seguido por indústria (-1.999), construção (-623) e comércio (-312). São Bernardo liderou as dispensas no mês passado: 2.338.

PROJEÇÃO - Para o Secretário de Desenvolvimento Econômico de São Bernardo, Hiroyuki Minami, as empresas deverão contratar mais do que demitir em 2017. “Não significa que vamos virar o jogo de um dia para o outro, será algo passo a passo”, avalia. “Temos que incentivar bastante a instalação de empresas na região, conceder infraestrutura, talvez isenção de impostos. Temos que fazer alguma coisa”, complementa, sem entrar em detalhes a respeito das ações.

Questionado sobre quais ações as novas gestões municipais podem tomar para atrair investimentos, Balistiero discorda de possível redução ou isenção de impostos neste momento. “A economia não só na região, mas em todo o País, vai demorar para se reerguer, devido às dívidas públicas dos municípios.” Quanto à redução da taxa Selic, para 13% ao ano, ele analisa com cautela. “É um avanço, mas não é algo de extremo impacto agora.” 




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