Internacional Titulo
Defesa antimísseis é principal discórdia entre Rússia e EUA
Por Do Diário do Grande ABC
01/06/2000 | 11:08
Compartilhar notícia


A vontade de Washington em construir um sistema de defesa antimísseis, em violaçao a um acordo soviético-americano de 1972, é o principal ponto de divergência entre as duas potências nucleares, às vésperas da primeira reuniao de cúpula Putin-Clinton, de 3 a 5 de junho, em Moscou.

Trata-se de uma questao delicada, já que Moscou ameaça questionar todo o processo de desarmamento nuclear se os Estados Unidos nao respeitarem o Tratado de Mísseis Balísticos ABM, de 1972.

No entanto, ninguém espera um avanço neste ponto na reuniao de cúpula de Moscou.

``Um compromisso é pouco provável', advertiu o secretário do Conselho de Segurança russo, Serguei Ivanov. ``Nao espero que se chegue a um acordo sobre estas questoes', afirmou seu colega americano, Samuel Berger, conselheiro presidencial para Segurança Nacional.

O presidente russo Vladimir Putin nao hesitou, em abril passado, em ameaçar Washington abertamente.

``Se os Estados Unidos violarem o acordo ABM, nao apenas nos retiraremos do START II, como de todo o sistema (de limitaçao) das armas estratégicas e eventualmente táticas', declarou.

Até o momento, Washington nao falou abertamente de violar o tratado ABM, e sim simplesmente de renegociar seus termos para conseguir a aprovaçao de Moscou para um novo sistema de defesa antimísseis (NMD), justificado pela ameaça de novos países potencialmente hostis, como o Ira ou a Coréia do Norte.

Os russos, sem dinheiro suficiente para lançarem-se a uma corrida armamentista, querem evitar a qualquer preço que se modifique o atual equilíbrio de forças.

Uma revisao do tratado ABM, estimou recentemente o general Valeri Manilov, número dois do Estado Maior russo, ``destruiria o equilíbrio entre os amamentos defensivos e ofensivos, o que desembocaria inevitavelmente em uma corrida armamentista'.

Oficialmente, Vladimir Putin tentará convencer o presidente Bill Clinton, mas os analistas acrescentam que sao poucas as esperanças.

O presidente russo dispoe de pelo menos duas cartas na manga: os tratados bilaterais russo-americanos START II e START III.

O START II, firmado em 1993, prevê reduzir o número de ogivas nucleares a 3.500 para os Estados Unidos e a 3.000 para a Rússsia no ano 2007, o que significa uma reduçao de dois terços dos arsenais de ambas potências. A Rússia, que acaba de ratificá-lo, ameaça aplicá-lo se o tratado ABM é modificado.

O START III, no momento, é apenas um projeto de negociaçao. Prevê uma reduçao de 2.500 ou 2.000 ogivas para os Estados Unidos e a Rússia. Moscou já propôs rebaixar a cifra para 1.500. Por ora, os americanos rejeitam a proposta.

``Por razoes de propaganda, Putin insistirá no START III e na continuaçao do desarmamento nuclear, mas sabe que a decisao americana sobre o tratado ABM vai provocar uma longa pausa na negociaçao entre ambas superpotências', prevê o especialista em política moscovita Viktor Kremeniuk.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;