O prefeito de Mauá, Donisete Braga (PT), indicou internamente no petismo predileção pelo nome do vereador Alberto Betão Pereira Justino (PTdoB) para ocupar o posto de vice na sua chapa à reeleição, mas enfrentou resistência da cúpula do petismo em torno do escolhido. O chefe do Executivo apresentou a possível candidatura do parlamentar – ex-rival da legenda –, como número dois em reunião, na terça-feira, com o chamado conselho político do governo, que reúne figuras como o secretário de Governo, Edílson de Paula (PT), o ex-prefeito Oswaldo Dias (PT) e o ex-vice-prefeito Paulo Eugenio Pereira Junior (PT).

A recusa partiu principalmente de parte da cúpula do petismo, que não participou diretamente do governo, só que goza de prestígio. Oficialmente, os petistas disseram ao prefeito que ainda é cedo para definir o candidato a vice. No bastidor, porém, alertaram que a decisão pode repetir o fracasso da escolha feita pelo ex-prefeito Leonel Damo (PMDB) na eleição de 2008, quando, então no PV, Leonel indicou Chiquinho do Zaíra (então no PSB, hoje PTdoB) para disputar em seu lugar o Paço mauaense, em vez de concorrer à reeleição – foi derrotado por Oswaldo.

Na análise dos petistas, embora os dois momentos se tratem de definições distintas (à época escolha do candidato majoritário e hoje o parceiro de chapa), o grupo do qual Betão faz parte é o mesmo que teria levado Leonel a abdicar de candidatura própria. Na ocasião, a gestão do então prefeito passava por dificuldades financeiras e enfrentava denúncias de irregularidades em contratos feitos pela administração. Naquela época, Chiquinho era tido como o primeiro ministro do governo Leonel, mas ao ser escolhido candidato governista, tentou desvincular sua candidatura do nome do ex-prefeito. A escolha de nome de fora do PV também culminou em turbulência na legenda e, consequentemente, na saída de Leonel do partido.

Hoje, oito anos depois, Betão integra o PTdoB, cujo o presidente municipal é justamente Chiquinho do Zaíra, que acumula o cargo de secretário de Planejamento Urbano. Recentemente, Donisete abriu o segundo espaço para o partido no primeiro escalão: costurou a ida da vereadora Sandra Vieira (ex-PMDB) à legenda e cedeu o comando da Pasta de Administração e Modernização à parlamentar. Para completar, na iminência do deputado estadual Atila Jacomussi (PCdoB), hoje potencial adversário de Donisete, ir para o PSB, o governo amarrou a ida de dois secretários municipais do PSB para o PTdoB (Carlos Tomaz, de Segurança Pública, e Rinaldo Lage, de Habitação). A manobra potencializou a participação da sigla trabalhista no governo (com cinco cargos no secretariado), além de aumentar a bancada do partido na Câmara – então socialistas, os vereadores Osvanir Carlos Stella, o Ivan, e Luiz Alfredo dos Santos Simão também se filiaram ao PTdoB.

RECONHECIMENTO
Donisete negou que seu candidato a vice tenha sido definido, mas reconheceu que vai tentar convencer o PT a aceitar chapa mista. “Precisamos reconhecer essa decisão do (comando do) PSB em ir para o PTdoB para seguir no nosso projeto”, frisou, ao acrescentar que os petistas precisam entender que, por conta da crise que o PT enfrenta, é necessário angariar aliados. Apesar de ter enfrentado resistência interna na cúpula do partido, o chefe do Executivo ainda pretende levar o nome de Betão à militância em reunião do diretório do PT no dia 14. O parlamentar possui forte influência no segmento evangélico, além de ainda ter recall da eleição de 2014 – foi candidato a deputado federal e recebeu 15.190 votos. É aventada a possibilidade de, se escolhido vice, Betão se transferir para o PTB para disputar o pleito.