Economia Titulo
Entenda o controle cambial, a dolarizaçao e a moratória
Walter Wiegratz
Da Redaçao
30/01/1999 | 15:56
Compartilhar notícia


A semana nao foi fácil para o Brasil. A medida que o real se desvalorizava em relaçao ao dólar, cresciam os boatos sobre qual seria a alternativa econômica a ser seguida pelo país. Do que foi dito e especulado, três teses acabaram prevalecendo: a adoçao de uma política de controle cambial, a decretaçao de uma moratória interna e externa e a dolarizaçao da economia.  

 Na prática, segundo os especialistas consultados pelo Diário, o controle cambial pode ser entendido como a supervisao total do mercado de câmbio pela autoridade monetária, no caso, o Banco Central, que passaria a ser o único comprador e vendedor de moeda estrangeira, capaz, inclusive de bloquear a sua saída do país.  A moratória, por sua vez, é entendida como a suspensao dos pagamentos das dívidas internas e externas em caráter unilateral. Uma prática que o mercado financeiro internacional acha execrável, por detestar o calote.  

Já a dolarizaçao, implicaria na extinçao da moeda nacional o real, com conseqüente adoçao do dólar como parâmetro monetário do país. Tal medida, deixaria o país à mercê dos mandos e desmandos monetários da política econômica dos Estados Unidos, significando uma perda da hegemonia brasileira.  

Um fato que deixou os agentes do mercado financeiro de orelha em pé por suscitar os riscos de moratória foi o insucesso do governo ao tentar colocar títulos da dívida pública com variaçao cambial à venda, ocorrido na quinta-feira. O dólar sobrevalorizado desmotivou os compradores que nao quiseram embarcar nos títulos do governo e as taxas prefixadas foram melhor digeridas pelos investidores.   

Mas a semente da desconfiança começou a germinar, uma vez que os investidores podem passar a suspeitar que o Planalto tenha dificuldades para rolar sua dívida, uma vez que nao consegue vender seus papéis. O caminho que se seguiria a este infortúnio seria um só, pensam os mais negativistas, a moratória.  Na sexta-feira, quando o país era infestado por boatos sobre confisco em cadernetas de poupança e nas contas correntes, feriado bancário na segunda-feira e um novo pacote econômico, o presidente FHC foi categórico ao afirmar que "nao haverá confisco, nem moratória". FHC taxou os boateiros e especuladores como traidores do país. 

 No mesmo dia, o ministro da Fazenda, Pedro Malan, também procurou afugentar o fantasma da moratória ao dizer que o país "nao fará nenhuma reestruturaçao da dívida, nem interna nem externa". Ele assegurou ainda que o governo fará "o que tiver de fazer para impedir o flagelo da inflaçao".   

Malan disse também que discutirá com a missao do FMI (Fundo Monetário Internacional), que desembarcou na sexta-feira no país, "regras de intervençao no câmbio para evitar movimentos desordenados". Por fim o ministro citou a entrada de US$ 960 milhoes em investimento no Brasil, registrada entre os dias 1º e 26 de janeiro, como um termômetro da credibilidade internacional no país. O que ele nao disse é que as saídas, no período, foram de US$ 16,7 bilhoes.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;