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Justiça que tarda é falha

O ministro Ricardo Lewandowski está indignado: teve apenas seis meses para revisar o processo do Mensalão.

Por Carlos Brickmann
27/06/2012 | 00:00
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O ministro Ricardo Lewandowski está indignado: teve apenas seis meses para revisar o processo do Mensalão. Segundo disse, foi a mais rápida revisão de processo que já ocorreu no supremo. Normalmente, garante Lewandowski, a revisão ocorre em seis meses. Seis meses? Seis meses: o prazo que ele levou.

Mas o ministro Lewandowski não deixa de ter razão: o Mensalão está no supremo há vários anos e só agora se sente alguma preocupação com a celeridade do processo. As várias licenças por motivo de saúde do ministro-relator Joaquim Barbosa também atrasaram o andamento do caso; a demora da presidente da República na escolha de ministros para vagas já existentes certamente não contribuiu para que o julgamento do Mensalão ocorresse mais cedo. O rigor dos ministros no cumprimento do calendário do descanso, sem que recessos perdessem um só dia, faz parte da lentidão agora tão criticada.

Claro, as reclamações do ministro Lewandowski poderiam até parecer uma declaração de voto - mas não são: fazem parte da ideia de que a nação deve girar em torno do calendário do supremo. Pressa, até certo ponto; daí em diante, sejam quais forem as consequências da lentidão, não adianta nem reclamar.

Mesmo iniciando-se na data prevista, 2 de agosto, o Mensalão está sujeito a problemas. Um ministro se aposenta obrigatoriamente em 3 de setembro; outro, logo depois. Os novos ministros, mesmo se nomeados em seguida, terão de se inteirar do caso. Se o objetivo é julgar antes das eleições, não será fácil atingi-lo.

DENTE NO OSSO

As eleições em São Paulo prometem: o ex-presidente Lula anunciou que, para eleger seu candidato Fernando Haddad, vai entrar duro na campanha. Em julho ou agosto, diz, estará com a garganta boa. "Se for necessário, morderei a canela dos adversários."

Já houve uma série de piadas pesadas a respeito de agosto e da mordida na canela; e, por serem de mau gosto, não cabe transcrevê-las. Mas essa história de morder o osso é ruim.

A palavra morder, em política, é coisa feia.

RECORDANDO

Em 1985, Tancredo Neves disputou a Presidência contra o candidato dos militares, Paulo Maluf. O PT resolveu abster-se e expulsou três parlamentares que votaram em Tancredo, contra Maluf.

Responda rápido: foram expulsos porque votaram, porque votaram em Tancredo ou porque votaram contra Maluf?

FALOU, SIM

A jornalista Rosa Wassem, assessora de imprensa do senador petista Eduardo Suplicy, rebate nota desta coluna: diz que, ao contrário do que foi publicado, Suplicy não ficou em silêncio, mas criticou a aliança do PT com Paulo Maluf e fez elogios a Erundina. As entrevistas foram divulgadas pelos portais G1 e Terra.

Certo: o silêncio não foi tão estrondoso, embora o senador não se tenha sentido motivado a disfarçar-se de Super-Homem ou Robin Hood, como já o fez, para amplificar seu protesto. A propósito, a assessora de imprensa de Suplicy dirigiu-se a este colunista como "prezado Bismarck". Se o compara ao primeiro-ministro que unificou a Alemanha, é elogio exagerado; se é uma referência ao couraçado, este "pesado Bismarck" é gordo, mas sem a tonelagem de um navio de guerra.

RIPA NO ALIADO

A coisa passou meio despercebida, mas as críticas da presidente da Petrobras, Graça Foster, "às metas irrealistas" e "nunca cumpridas" da empresa atingem diretamente o presidente anterior, José Sérgio Gabrielli. Ele ocupou o cargo nos últimos seis anos. Hoje é secretário de Planejamento da Bahia, no governo Jaques Wagner. Gostaria de ser candidato ao governo, mas não é o primeiro da fila.




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