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Unesco calcula ter 880 mi analfabetos adultos no mundo
Por Do Diário do Grande ABC
18/04/2000 | 11:09
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O diretor-geral da Unesco, Koichiro Matsuura, estima em ``880 milhoes, o número de analfabetos adultos no mundo, ou seja, 20% da populaçao mundial', e em ``113 milhoes, o número de jovens que nao estao escolarizados, 110 milhoes deles nos países em vias de desenvolvimento'.

Numa entrevista antes do Fórum Mundial da Educaçao, organizado pela Unesco em Dakar, de 26 a 28 de abril, Matsuura afirmou que a erradicaçao do analfabetismo continua sendo o objetivo da organizaçao.

``Dez anos depois da Conferência Mundial de Jontien (Tailândia), em que a Unesco se comprometeu a reduzir o analfabetismo à metade, antes do ano 2000, continuamos longe deste objetivo', reconheceu.

``Devemos conseguir erradicar o analfabetismo e nao esquecer os adultos, dar-lhes uma segunda oportunidade, o direito à educaçao durante toda a vida, mesmo que a escolarizaçao das crianças seja prioritária. Devemos chegar a todos aqueles que estao marginalizados: as minorias étnicas e culturais, as crianças exploradas ou vítimas de guerras, os inválidos e, principalmente, as mulheres, que representam 63% dos analfabetos', afirmou Matsuura, lembrando que ``a eliminaçao da discriminaçao sexual, essencial para a democracia, é um ponto primordial para a Unesco, inclusive mais abrangente que a questao educativa'.

O diretor-geral da Unesco apontou como ``prioridade das prioridades' garantir ``uma educaçao de base de qualidade para todos' nos próximos quinze anos. ``A educaçao é minha prioridade. Assumi esse compromisso claramente, já em meu discurso de posse' do cargo, em 15 de novembro de 1999, afirmou.

Insistindo na educaçao básica, realçou a necessidade de melhorar também seu conteúdo. ``Nao basta escolarizar 100% dos jovens. É fundamental ensinar-lhes a ler, a escrever e a se expressar, mas também é necessário que todos tenham acesso a outros conceitos, que conheçam as ciências e possam se beneficiar das novas tecnologias. Do contrário, se criará uma nova separaçao entre ricos e pobres', advertiu.

Matsuura, que deseja que o Fórum de Dakar termine com ``um decidido chamamento à açao concreta', considera que toda a rede de instituiçoes especializadas na educaçao deve contribuir na tarefa, mas pediu sua colaboraçao também à comunidade internacional, convocando os Estados a ``um compromisso político claro' e pedindo aos que destinam menos de 1% de seu PIB à educaçao que reflitam sobre a importância desse investimento.

Ele pediu, ainda, que os doadores aumentem sua ajuda, sem esquecer de solicitar a colaboraçao de organismos como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional. ``Nao é normal, quando estes pedem a certos países, que reestruturem sua economia, que exijam que isso se faça mediante uma reduçao dos gastos com educaçao. Nao é uma posiçao correta, já que a educaçao é essencial para o futuro destes países', protestou.

O Fórum de Dakar, que contará com mil participantes, procedentes de 150 Estados-membros, será precedido, nos dias 24 e 25 de abril, de uma reuniao consultiva das Organizaçoes nao-Governamentais. Matsuura elogiou ``o compromisso e a importância das atividades' das ONGs, dizendo que ``a açao delas é reconhecida, mas nunca é demais repetir até que ponto é benéfica'.




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