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Daron investe R$ 700 mil em novo conceito de negócio

Empresa oferecerá em um só lugar, em Santo André, aparelhos auditivos, óculos e CPAPs

Por Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
11/10/2020 | 00:07
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Celso Luiz/DGABC


Com o objetivo de lançar um novo conceito de negócio, os irmãos Davi e Ronaldo Brito Cerqueira se preparam para dar um importante passo no comando da Daron, empresa andreense que acaba de completar 19 anos no comércio e na manutenção de aparelhos auditivos. Trata-se de estabelecimento no Centro de Santo André que, além de continuar atuando com produtos e serviços relacionados aos dispositivos que recuperam a audição, passa a ofertar óculos de grau e CPAPs (Continuous Positive Airway Pressure ou, na tradução livre para o português, Pressão Positiva Contínua nas Vias Aéreas), pequenos equipamentos que comprimem o ar de forma silenciosa e, assim, auxiliam no tratamento para ronco e apneia obstrutiva do sono.

Para tanto, Davi e Ronaldo mantiveram os planos de investimento mesmo em meio à pandemia do novo coronavírus e investiram R$ 700 mil para promover a expansão da empresa. “Esse modelo de negócio é tendência na Europa, e quisemos trazer para o Brasil. Reunir em um só lugar óculos e aparelhos auditivos, que costumam ser demandados por idosos, e também o CPAP, com o qual começamos a trabalhar no ano passado. Teremos não somente os produtos, como também serviços, com fonoaudiólogos, fisioterapeutas e oftalmologistas”, conta Davi.

“Nós temos a premissa de devolver ao paciente a qualidade de vida. E não só vender produtos, mas oferecer a expectativa de melhora de vida, pois ele resgata o convívio, volta a participar de conversas em casa, o que ele não fazia por não escutar. Tanto que sempre dizemos: ''Já ouviu falar na Daron?'' Se a resposta for ‘não’, é porque não está ouvindo bem”, diz Ronaldo, aos risos.

Ao adentrar a nova loja, que ocupa o número 112 da Rua Dr. Albuquerque Lins, hoje em obras, e que abre as portas no início de novembro, os clientes terão os produtos logo na entrada e, ao fundo, estarão os consultórios dos especialistas, que além de realizar atendimentos referentes aos aparelhos auditivos, farão tratamento complementar ao uso do CPAP. Detalhe para os banheiros, que contam com sofisticadas pias em mármore travertino. No andar de cima, escritório com mesa de 16 lugares passará a abrigar as reuniões da empresa.

A poucos passos dali, no número 30 da mesma via, está a outra unidade, onde tudo começou, local em que ficará o oftalmologista.

Com o aporte, o volume de funcionários mais que dobrou, dos então seis colaboradores diretos para 14. “Meu sonho é criar um shopping da saúde. Quero ampliar nosso negócio a outras especialidades médicas e com dentista”, conta Davi.

SERVIÇO EM CASA

Enquanto os irmãos, nascidos e criados no bairro Camilópolis, em Santo André, trabalham para tirar esse sonho do papel, o plano é, já no ano que vem, ir além da inauguração do estabelecimento. Eles querem disponibilizar o serviço de ótica delivery, em que profissionais se deslocam à casa do cliente para que ele faça seus óculos sem sair de casa, o que é previsto para 2021.

Dentro desse segmento, a ideia é também lançar um braço corporativo da Daron, e levar dentro das empresas um médico, com custo zero para os funcionários, para fazer exame de vista e lá mesmo escolher armação. “Em dois ou três dias, o oftalmologista atenderia todos os colaboradores que poderiam ter o produto descontado na folha de pagamento”, detalha Davi.

Além disso, outro planejamento é tornar permanente experiência que lançaram mão durante a pandemia. Devido ao fato de clientes idosos não poderem sair de casa para se proteger da Covid-19, a Daron enviou fonoaudióloga à casa de alguns deles. “Foi em caráter excepcional, para ajudar os pacientes, mas é algo que estudamos trazer como um serviço permanente da Daron. Para isso, porém, precisamos nos planejar e contratar equipe externa, que ficaria responsável somente por esse serviço”, explica Ronaldo, ao completar que a qualidade do exame é melhor in loco, devido aos equipamentos, mas que não está descartado auxiliar pessoas de muita idade e com dificuldade de locomoção.

Para 2020, a expectativa é que o negócio cresça 7%, justamente pelo fato de terem se movimentado mesmo com o cenário tomado pelo novo coronavírus. No ano passado, o grupo faturou em torno de R$ 5 milhões. Em 2021, com as novidades estabelecidas, a projeção é ampliar a receita em 20%.


Itens não terão repasse da alta do dólar

Para fazer diferença no mercado e começar com o pé direito o novo negócio, os empresários Davi e Ronaldo Brito Cerqueira contam que, a despeito do dólar alto, ontem na casa dos R$ 5,50, que disparou na pandemia do novo coronavírus, os preços ficarão no mesmo patamar do ano passado. Isso porque todos os produtos comercializados são importados.

Ainda, para atrair o público ao novo empreendimentos, serão realizadas promoções. “Estamos com os mesmos valores praticados 12 meses atrás, que estão 30% abaixo do que deveriam custar, já que todos os produtos são importados, principalmente da Suíça, dos Estados Unidos e da China. Mas não dá para repassar esse aumento ao consumidor, que já está sofrendo muito com essa pandemia”, assinala Davi.

Para os dispositivos que recuperam a audição, ele conta que haverá desconto até na pilha, que custa R$ 28 em drogarias e será vendida por R$ 8. Quanto ao equipamento de entrada, que custa R$ 2.300, será feita oferta em que o preço parte de R$ 1.600. Davi pondera, no entanto, que o artefato topo de linha pode chegar a R$ 15 mil, mas, junto com o preço, destaca, vem a modernidade.

“O aparelho tem conexão wireless (sem fio) com a programação da televisão pelo celular, por meio do qual também se ajusta o volume, que conta com oito canais de frequência. É possível ainda, por exemplo, assistir à TV e só ele ouvir o conteúdo, como se fosse um ponto, sem atrapalhar outra pessoa que está também na sala trabalhando, por exemplo. Isso tudo a até sete metros de distância”, conta.

Para as armações disponíveis, as quais mais de 1.000 opções contam com logo próprio da Daron, serão disponibilizadas opções a partir de R$ 200 com lente de grau. E, para o CPAP, há modelos desde R$ 3.000 que, junto com o tratamento, chegam a R$ 5.500.


Companhia foi criada em 2001 por incentivo do pai

Criada em 2001, a Daron nasceu a partir do incentivo de Fortunato de Argolo Cerqueira, pai de Davi e Ronaldo Brito Cerqueira. Embora tivesse cinco filhos, seu Fortunato foi certeiro ao sugerir a junção dos dois, mesmo com diferença de 15 anos entre eles – Davi tem 55 anos e, Ronaldo, 69.

Davi atuou por mais de 30 anos na seara dos aparelhos auditivos, tendo trabalhado, inclusive, como gerente do laboratório da multinacional alemã Siemens. E, Ronaldo, então administrador de empresas, estava se aposentando. “Começamos com um laboratório de conserto de aparelho auditivo, o que também queremos implementar no novo espaço”, avisa Ronaldo.

O passo seguinte, então, foi pensar em como viabilizar uma empresa nesse setor, que contava com a concorrência de grandes centros de venda, quase todos das próprias fabricantes, e eles não viam como fazer frente a esses estabelecimentos para garantir sua sobrevivência.

Foi quando tiveram a ideia de realizar parcerias com associações de classes representativas de trabalhadores. “Começamos com entidade de cabos e soldados da Polícia Militar e, inclusive, por meio dela, levamos nosso serviço para 16 cidades do Estado de São Paulo. Hoje, atuamos em 25 municípios paulistas e com 12 associações”, conta Davi.

Segundo Ronaldo, algo crucial para que a companhia crescesse nesses 19 anos foi o investimento constante em seus colaboradores. “Sempre apostamos na atualização dos profissionais, tanto das áreas administrativa e comercial como da área da saúde. Antes da pandemia, isso acontecia de forma presencial e, agora, tem sido de forma virtual.”

Atualmente, a Daron conta, além das duas unidades no Centro andreense, com uma loja na Praia Grande, onde possui ótica, além de oferecer os aparelhos auditivos. Há também uma em Santos e duas na Capital, na Lapa e na Barra Funda. Está em andamento também a abertura de loja em Itanhaém, nos mesmos moldes da Praia Grande, com aporte de R$ 200 mil.  




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