O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu ontem um G-20 capaz de adotar medidas concretas e exigiu que os países ricos assumam a sua responsabilidade ambiental. As declarações foram dadas em entrevista no Palácio da Alvorada, em Brasília (DF).

"Não sei se estarei vivo para ver isso, mas o Brasil tem de conseguir, no século 21, se transformar em grande potência. Temos tudo o que é preciso. Não estamos falando de um paisinho qualquer", destacou.

Com uma das maiores economias emergentes do mundo, integrante do G-20, ator-chave nas negociações da OMC (Organização Mundial do Comércio) e candidato a uma vaga no Conselho de Segurança da ONU, o Brasil é também dono de gigantescas reservas de petróleo que fortalecem seu perfil global.

Neste cenário, Lula se prepara para participar da Cúpula do G-20, em Pittsburgh (Estados Unidos) no fim do mês, da qual pede ações concretas e não apenas discursos.

"Não podemos mais fazer reuniões e não tomar medidas. Pusemos US$ 10 bilhões no FMI, e agora queremos saber se os outros países também fizeram isso. Queremos saber se estamos emprestando dinheiro para países pobres e que efeitos tiveram as medidas que adotamos", enfatizou.

Para Lula, em um momento em que a crise financeira global parece estar em vias de ser superada, as negociações do início do ano sobre as grandes mudanças estruturais no sistema financeiro mundial não podem ser esquecidas.

"Temo que a crise acabe e todos se conformem com o statos quo, que tudo fique como está. Não. As coisas não podem ficar como estão", afirmou, enfatizando que a reunião de Pittsburgh deve servir para "criar um mapa mais concreto, fazer um balanço da situação de cada país".

No mesmo espírito, Lula deixou claro que o Brasil não teme debate algum e aceitará discutir metas para a redução de suas emissões de gases do efeito estufa se as maiores economias do mundo assumirem suas responsabilidades na Cúpula do Clima, que será realizada em dezembro na cidade de Copenhague. "O Brasil está disposto a discutir metas e compromissos; nós não fugiremos da responsabilidade de discutir metas", disse o presidente .