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Arthur Zanetti provoca
feriado em São Caetano

Ginasta é recebido com grande festa, desfila pela cidade e
é ovacionado após conquista do ouro nos Jogos Olímpicos

Anderson Fattori
Do Diário do Grande ABC
10/08/2012 | 07:15
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Dia 9 de agosto de 2012. Certamente Arthur Zanetti jamais esquecerá esta data. O menino que vivia no anonimato em São Caetano teve recepção digna de herói nacional no retorno ao Brasil com a medalha de ouro pendurada no pescoço.

Confira aqui o vídeo da chegada do ginasta a São Caetano

Desde o aeroporto, onde dezenas de jornalistas se aglomeraram para esperá-lo, passando pela animada carreata no carro do Corpo de Bombeiros pelas ruas da cidade e finalizando com acolhida calorosa no Agith, local onde treina.

Dava para ver no rosto do ginasta que ontem era um dia especial. Abusando da simpatia e do bom humor, ele explicou o que sentia. "Nunca tinha visto isso na minha vida", referindo-se à mobilização da imprensa no aeroporto, que obrigou o ginasta a sair escoltado pela Polícia Militar. "A ficha começou a cair agora. Dentro do avião distribui autógrafos e tirei fotos. Estou percebendo o que representa a medalha", completou o são-caetanense, primeiro brasileiro na história a subir no pódio na ginástica.

Enquanto a carreata passava os são-caetanenses aplaudiam o campeão. Em janelas e portas, promoveram um tipo de feriado municipal. "Vibrei com a vitória, chorei na frente da televisão", comentou a comerciante Gabriela Martins.

Apesar do grande assédio, Arthur manteve os pés no chão, evitou projetar o futuro, mas deixou claro que pretende estar nos Jogos do Rio de Janeiro, em 2016. "Volto a treinar segunda-feira, temos muitos compromissos neste ano e um longo caminho pela frente até a próxima Olimpíada. Espero que este resultado que eu trouxe de Londres sirva para fazer com que a ginástica atraia novos investidores e cresça ainda mais", ressaltou o atleta de apenas 22 anos.

A todo o momento, Zanetti fazia questão de dividir o mérito da conquista com as pessoas mais próximas. "Carregar esta medalha é prazer enorme e ela é mérito de todos que estão ao meu lado no dia a dia: treinador, psicóloga, nutricionista, companheiros de clube e da Seleção Brasileira", declarou ele, que fez questão de agradecer aos familiares.

"Não posso esquecer de ninguém, nem da sogra", brincou o atleta, que exaltou a presença da noiva, Juliana Gatto Francesco, sempre ao seu lado.

Ao fim da festa, exausto, Zanetti agradeceu o carinho, mas não negou fotos e abraços aos ginastas que treinam no Agith. Cercado, definiu o que sentiu ontem. "Foi maravilhoso, um dos melhores dias da minha vida. Agora só quero um pouco de paz e descansar até segunda-feira, quando recomeço a batalha", finalizou.

Treinador responde choradeira chinesa com matemática

Usando a matemática o técnico de Arthur Zanetti, Marcos Goto, o Marquinhos, derrubou o argumento do técnico chinês Huang Yubin, que mostrou inconformismo com a derrota de seu atleta Yibing Chen na final olímpica das argolas.

Segundo o asiático, o resultado foi ‘roubado' e a disputa ficará marcada como a mais injusta da história da ginástica.

Mostrando pouca paciência com o assunto, Goto explicou. "Antes que alguém me pergunte, vou falar logo sobre o treinador chinês, que falou que roubaram e não sei o que lá. Quero cortar o assunto e deixar as coisas bem claras. O Arthur competiu na preliminar, com prova de 6.5 e tirou a nota 15.616. Na classificatória, com 6.8, ele recebeu 15.800. Na final por equipes, 15.600. E, na final, de novo com 6.8, ganhou 15.900. É só fazer matemática, está bem? A diferença na nota deu exatamente os três décimos dos 6.5 para os 6.8. Então, não existe ‘roubo' nem nada disso. Para não criar picuinha, façam matemática", esbravejou.

Arthur Zanetti concordou com o treinador e evitou aumentar a polêmica. "O chinês fez a prova dele. Eu, a minha. Como o Marcos falou, é só fazer as contas".

O pai do ginasta, Achimedes Zanetti, também mostrou inconformismo com a situação. "Acho que na Olimpíada estão os melhores atletas e os melhores árbitros. Eles julgam e dificilmente erram, mas ele está no direito dele. Estou há 14 anos acompanhando e não sei 1% daquilo lá. Por exemplo: vejo uma pessoa competindo e acho que foi bem para caramba, mas ela acaba em último lugar. Quando penso que foi mal, ela fica em primeiro. Só quem é do meio entende as notas", brinca.

Ginasta promete fidelidade à terra natal

Com o título olímpico em Londres, a tendência é que Arthur Zanetti seja bastante assediado por outros clubes brasileiros e até internacionais, mas não passa pela cabeça do ginasta mudar de ares, pelo menos por enquanto.

"Posso dizer que hoje é impossível sair de São Caetano", destacou, sendo bastante aplaudido pelos colegas de clube que acompanhavam a entrevista coletiva. "Tenho toda a retaguarda e infraestrutura que preciso, além de estar mais perto dos meus amigos, familiares e minha namorada. Sempre morei, treinei na cidade e não tem por que mudar agora", argumentou.

Com Zanetti na equipe, outra possibilidade é São Caetano seduzir atletas de ponta e se consolidar como um dos centros de referência na modalidade no Brasil. Marcos Goto, técnico do atleta, não gosta desta possibilidade de centralizar os investimentos em apenas um lugar e espera que se criem outros pontos para a prática da ginástica.

"Não acho isso bom. Espero que ocorra o contrário, a descentralização do esporte, que tenhamos pelo menos mais três ou quatro centros desenvolvendo a modalidade no País. Centralizar tudo em São Caetano não é bom para o esporte" argumentou Goto.

Família tieta estrela com faixas no aeroporto

Não podia ser diferente. O integrante mais famoso da família Nabarrete Zanetti chegou ontem ao Brasil e foi recebido com faixas levadas pelos parentes ao aeroporto.

A mais apreensiva era a avó, Neide Thomazzo. Era ela quem levava o ginasta aos treinos no início da carreira. "Quero muito dar um beijo e abraço bem forte nele e dizer que eu o amo muito. Ele é um menino muito especial e merece tudo isso que está acontecendo", disse.

Quando chegar em casa, no que depender da vovó Neide, Zanetti terá muitas mordomias. "Vou fazer estrogonofe, que é o prato preferido dele. Ele gosta muito de massa e de arroz-doce. Vou preparar jantar para ele nos próximos dias", promete vovó Neide. "Mas tem de ser com calma, porque ele não pode engordar. Sua alimentação é bem controladinha", completou.

O tio do atleta, Sérgio Nabarreti, também estava orgulhoso. "Nos sabíamos que ele ganharia medalha em Londres, só não dava para prever a cor. Veio logo a de ouro e isso é demais. Ele é o nosso herói", gritou.

O pai e a mãe do atleta estavam com ele em Londres, assistiram a competição e retornaram quarta-feira ao Brasil. "Foi maravilhoso acompanhar os jornais com o Zanetti na capa. Foi grande repercussão na imprensa", comemorou o pai, Archimedes Zanetti. "Brinco que ele devia ter ganho primeiro o bronze, para irmos nos acostumando, mas veio logo o ouro e foi essa maravilha toda", completou.

A mãe do atleta, Roseane Zanetti, promete festa até o fim da semana e churrasco para comemorar a medalha do filho. "Vamos armar em família. É muito emocionante vivenciar esse momento com ele. Acho que a ficha ainda não caiu completamente. É alegria enorme saber que ele conseguiu o objetivo que traçou a vida toda", declarou.




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