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Morando mantém executivo que pagou propina no Rodoanel

Acolhido na gestão tucana, Olímpio Fernandes admitiu ter transferido R$ 4,8 mi a Paulo Preto

Por Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
15/07/2020 | 00:03
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Reprodução


O governo do prefeito de São Bernardo, Orlando Morando (PSDB), mantém em seus quadros ex-executivo de uma das empreiteiras que construíram o Trecho Sul do Rodoanel e que admitiu ter pago propina para Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto, ex-diretor da Dersa, empresa pública do Estado responsável pelas obras da rodovia.

Olímpio Eugênio Fernandes Silva era funcionário da Carioca Engenharia à época da construção do Trecho Sul do Rodoanel. Ele havia sido indicado pela empresa para integrar a SPE (Sociedade de Propósito Específico) formada pela OAS, Mendes Júnior e Carioca para as intervenções do lote 5 da malha rodoviária. O contrato foi assinado em 2006, sob valor de R$ 511,7 milhões. O trecho compreenderia ligar o setor da Represa Guarapiranga com a Rodovia Régis Bittencourt, que liga São Paulo ao Sul do País.

Conforme denúncia apresentada pelo MPF (Ministério Público Federal) em agosto de 2019 no âmbito da Operação Lava Jato contra série de empreiteiras e executivos – dos setores públicos e privados –, Olímpio reconheceu que pagou pelo menos R$ 4,8 milhões a Paulo Preto para que os interesses da Carioca Engenharia fossem atendidos dentro da Dersa.

“Olímpio esclareceu que os primeiros pagamentos eram de menor vulto e complexidade, sendo pagos como despesas corriqueiras da obra. Entretanto, quando os valores ficaram maiores, Carlos Henrique Barbosa Lemos informou que os pagamentos seriam efetivados através de interposta pessoa jurídica, sendo esta a empresa Legend Adir Assad”, relatou o MPF. Doleiro, Assad foi acusado de lavar dinheiro de propina para Paulo Preto e firmou acordo de delação premiada. Barbosa Lemos era representante da OAS na SPE.

“Foi então celebrado um contrato de prestação de serviços inteiramente fictício entre a SPE (da Carioca, Mendes Júnior e OAS) e a Legend, pois nenhum serviço foi prestado por essa empresa, servindo o contrato apenas como um meio de pagamento de valores a Paulo Vieira de Souza. O valor desse contrato foi próximo ao valor da propina, de aproximadamente R$ 4,5 milhões, segundo o colaborador Olímpio”, prosseguiu a denúncia.

Embora tenha admitido o pagamento de propina para um ex-diretor da Dersa, Olímpio não foi denunciado pelo MPF. Ele foi classificado como colaborador dentro do acordo de leniência feito pela Carioca junto ao MPF.

Quando as investigações do MPF avançaram sobre Paulo Preto, Olímpio já era funcionário do governo Morando. Foi contratado inicialmente em fevereiro de 2017 para ser consultor especialista de planejamento de transporte urbano dentro da Secretaria de Transportes. Foi assessor de governo. Hoje é diretor de departamento da pasta. Seu salário é de R$ 13.485,13.

O governo Morando também acolhe outra figura acusada de irregularidades durante a construção do Rodoanel: Delson José Amador, secretário de Transportes e Vias Públicas. Delson foi superintendente da Dersa. Ele é acusado pelo Ministério Público paulista de superfaturar um terreno desapropriado na Zona Sul para passagem da rodovia. Delson nega as irregularidades imputadas a ele.

Em nota, a Prefeitura disse que Olímpio “foi contratado por sua habilitação técnica comprovada”. “O mesmo não é réu na ação e sua citação não tem qualquer ligação com o município. O funcionário segue exercendo atividades na pasta regularmente, contribuindo com o desenvolvimento e execução de projetos”, adicionou a administração tucana. 




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