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Aciscs afasta presidente após suspeitas no uso de cartão corporativo

Moacir Passador Júnior utilizou crédito da entidade para comprar até cruzeiro marítimo

Júnior Carvalho
Do Diário do Grande ABC
07/07/2020 | 00:01
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Denis Maciel/DGABC


A diretoria executiva da Aciscs (Associação Comercial e Industrial de São Caetano) decidiu afastar do cargo o presidente da entidade, Moacir Passador Júnior, por descumprir o estatuto e por suspeitas de irregularidades na gestão do caixa da associação. A sanção foi definida no dia 1º, ocasião em que o Diário revelou que Passador utilizou cartão de crédito corporativo para custear despesas em padaria, em loja de material de construção e até para pagar cruzeiro marítimo.

Ata da reunião do corpo diretivo da Aciscs cita série de condutas adotadas por Passador à frente da entidade que, para o grupo, não são “condizentes com o estatuto”. O documento fala, por exemplo, em ações arbitrárias, como a expulsão de um associado que ocupava prédio da entidade, cujo uso só poderia ser revogado pela diretoria executiva. A ata do encontro também relata que Passador demitiu funcionários por justa causa, mas que os mesmos trabalhadores teriam conseguido comprovar na Justiça do Trabalho que as demissões ocorreram sem justa causa.

O relatório elenca ainda agressões verbais e perseguições cometidas por Passador contra associados, fato que chegou a ensejar advertência ao então presidente da Aciscs, mas que o dirigente insistiu nas mesmas condutas. “(Moacir Passador Júnior) Não muda suas atitudes frente ao tratamento dos demais, parecendo não ter limites, uma vez que continua a utilização de palavras de baixo calão dentro da instituição, intimando e agredindo verbalmente, além de chamar os diretores para resolver a situação a fim de levar às vias de fato em reunião de diretoria”, diz outro trecho da ata.

Por causa do afastamento, que valerá por três meses, quem assume o comando da Aciscs nesse período é o vice-presidente, Marcelo Beja. Ontem, ao Diário, o novo mandatário colocou panos quentes nas acusações contra o titular. Beja alegou que Passador não sofreu punições e que o afastamento partiu do próprio presidente, “por motivos pessoais”. Beja destacou ainda que Passador “conseguiu comprovar” o uso do cartão de crédito corporativo que foi pago com recursos da Aciscs. “Ele comprou o negócio (passagens) do cruzeiro para uma campanha de Dia das Mães, mas por causa dessa pandemia, o concurso não pode ocorrer. Mas a passagem está dentro da associação”, justificou, embora a própria ata da reunião da diretoria executiva cite que “não foram justificadas” as despesas da viagem de cruzeiro feita em dez parcelas iguais no valor de R$ 472.

O afastamento de Passador, que sucedeu o advogado Walter Estevam Junior (Republicanos), seu padrinho político no órgão, está escorado nos incisos 3º e 4º, parágrafo 2º, artigo 8º das normas internas da associação. Os dispositivos preveem esse tipo de punição ao associado que tiver sofrido advertências e “insistir nos mesmos erros e abusos” e que “prejudicar, deliberadamente, os interesses da Aciscs”. Passador alegou que ele próprio pediu afastamento “por motivos de saúde”. O agora presidente afastado da Aciscs indicou que não há irregularidade no uso do cartão corporativo pago com recursos da entidade e que não está preocupado com o caso.  




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