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Grande ABC vê mortes pela Covid-19 dispararem

Região completou um mês após o primeiro óbito com 105 vítimas fatais; depois, em 15 dias, foram mais 157 perdas

Dérek Bittencourt
Do Diário do Grande ABC
12/05/2020 | 00:01
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Pixabay


O Grande ABC pode completar dois meses desde a primeira morte em razão da Covid-19 com aproximadamente 400 vítimas fatais. Ao menos é o que indicam os avanços dos números a partir dos boletins epidemiológicos das prefeituras. Levantamento realizado pelo Diário nos óbitos desde o primeiro registro, em 25 de março, aponta que a região deve alcançar o 60º dia com o quádruplo de mortos do que havia sido registrado no 30º (confira a linha do tempo acima).

Foram 105 perdas nos primeiros 30 dias depois do primeiro registro – de 25 de março a 25 de abril. De lá para cá, no entanto, os números subiram assustadoramente. Domingo, a região apontava 262 baixas, ou seja, em 15 dias mais 157 pessoas perderam a vida para a Covid-19. Se o ritmo se mantiver, o Grande ABC vai chegar a 25 de maio, ou seja, 60 dias após a primeira morte, com 419 perdas. A média de óbitos do primeiro mês era de 3,5 por dia, subindo para 10,4 na última quinzena.

“Estamos, francamente, na curva ascendente. Provavelmente alcançaremos o platô no próximo mês. O número é crescente em todos os municípios e começa a preocupar ainda mais a partir de agora”, explica o infectologista Paulo Rezende, diretor do Hospital Santa Ana, de São Caetano. “Não vai ser nenhuma surpresa (alcançar 400 mortes). Deve dar até mais”, projeta.

Uma das justificativas é o avanço do novo coronavírus para as áreas periféricas e de maior densidade populacional. Os casos aumentarão nestas localidades e, consequentemente, o número de óbitos. “Se olhar a evolução em São Paulo, como em outras cidades, o vírus pegou primeiro nas pessoas que tiveram contato com pessoas fora do País, depois pessoas entre si e agora a periferia. Aí acontece um boom onde a população mora em ambientes mais coletivos, mais simples, compartilham cômodos, não conseguem se isolar e um dos membros precisa trabalhar para manter e ter o dinheiro do dia a dia. Acredito em cenário similar no Grande ABC. Se olhar incidência, até pela população, Mauá está chegando perto das grandes cidades. Temos bolsões de pobreza muito grandes em Diadema, Mauá e Ribeirão (Pires), onde têm sistemas de saúde mais precários”, opinou o infectologista, que vê São Caetano na direção certa. “É cidade que tem, principalmente, população que aceita orientação.”

De acordo com o engenheiro e sócio-fundador do centro de pesquisas ABC Dados, Mauricio Mindrisz, esta semana pode ter salto no gráfico. “A evolução do crescimento de novos casos e de novos óbitos permite projetar que ao fim da próxima semana tenhamos o dobro de casos e de óbitos que temos hoje”, explicou ele. “A queda da adesão ao isolamento (55% no Grande ABC, segundo números de ontem divulgados pelo próprio instituto) também reforça a impressão de que não há perspectiva de achatamento da curva de infectados”, completou. “Continuamos na fase pré-pico e sem perspectivas de a curva diminuir”, complementou.
O pesquisador concorda com relação ao avanço para zonas periféricas. “Tudo indica que a evolução será mais acentuada nas periferias. É o que apontam os dados de Santo André e São Bernardo, por exemplo. Mauá é outro exemplo desse fenômeno, uma vez que é a cidade com maior letalidade (15,4%) comparada às demais.” 

Sete cidades se aproximam de 3.000 casos confirmados


A região alcançou ontem 2.971 pacientes que testaram positivo para o novo coronavírus. Entre estes, 277 evoluíram a óbito. Por outro lado, 6.136 aguardam os resultados de exames para saberem se estão, estiveram ou não reagiram à doença.

Os novos óbitos foram registrados em Santo André (seis, chegando a 74), em São Bernardo (quatro, totalizando 97), em São Caetano (um, 38), Diadema (dois, 38) e Mauá (três, 33).

Caso curioso é que Ribeirão Pires regrediu em uma morte, voltando de dez para nove no total. Isso porque, após atualização do governo do Estado, uma paciente de 89 que morreu no Hospital Santa Helena residia em Santo André e não na estância turística (segundo a Prefeitura, um erro de registro de residência). Por fim, Rio Grande da Serra segue com três.

Nos números referentes ao Estado, de acordo com a Secretaria de Saúde, São Paulo soma 3.743 vítimas fatais e 46.131 pacientes infectados com a doença. Já no Brasil os números seguem crescendo e as mortes alcançaram 11.519 (outras 1.897 estão em investigação), enquanto os casos confirmados somam 168.331 – dados do Ministério da Saúde.

Por outro lado, os dados federais mostram que 40% destes pacientes que positivaram para a doença – o equivalente a 67.384 pessoas – estão recuperadas.

EMOCIONANTE
Em São Caetano, festa e comemoração no Hospital e Maternidade Márcia Braido. Em vídeo de sexta-feira publicado ontem, médicos, enfermeiras e demais funcionáros se reuniram em corredor da unidade para aplaudir a alta da pequena Maria Clara, 2 meses. Ela nasceu prematura, de 28 semanas e com pouco mais de um quilo, após a mãe, Andreli da Silva Ribeiro, necessitar de duas cirurgias intrauterinas para transfusão de sangue.

A pequena necessitou ficar internada e Andreli passava o dia todo no hospital, para tirar leite e acompanhar a evolução do quadro da bebê. Até que, no meio do caminho, ela e o marido foram diagnosticados com a Covid-19. “Foram 21 dias sem poder ir ao hospital e chegar perto da minha filha, mas a equipe me enviava fotos, vídeos e mensagens que foram acalentando meu coração”, explicou a mãe. DB




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