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PCC: Globo atende exigência para libertar jornalista
Do Diário OnLine
13/08/2006 | 01:03
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O auxiliar-técnico da Rede Globo Alexandre Coelho Calado, seqüestrado na manhã deste sábado junto com o repórter Guilherme Portanova, na Zona Sul de São Paulo, foi libertado na madrugada deste domingo. Calado estava com uma fita de vídeo, que os criminosos exigiam que fosse exibida na TV para que o jornalista seqüestrado fosse libertado.

No vídeo, exibido pela Globo no início da madrugada, um rapaz, usando um gorro preto, leu uma mensagem da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) pedindo o fim do regime diferenciado nas prisões e melhores condições de vida para a população carcerária. O texto continha muitas palavras usadas no meio jurídico.

Seqüestro - De acordo com testemunhas, os dois funcionários da Globo foram abordados por volta das 8h, em uma padaria próxima à sede da emissora, por dois homens armados e obrigados a entrar em um Vectra roubado. Após alguns minutos, eles abandonaram esse primeiro veículo em um bairro residencial e pegaram um segundo. O carro roubado foi incendiado logo depois por dois homens em uma moto.

O veículo da emissora e todo o equipamento que estavam com os dois funcionários não foram roubados pelos criminosos.

A polícia foi imediatamente avisada e realizou um amplo trabalho de busca pela cidade. De acordo com informações do Jornal Nacional (Rede Globo), a polícia já tem o retrato falado de três supostos envolvidos com a ação.

Confira na íntegra o comunicado atribuído ao PCC:

"Como integrante do Primeiro Comando da Capital (PCC), venho pelo único meio encontrado por nós para transmitir um comunicado para a sociedade e os governantes.

A introdução do Regime Disciplinar Diferenciado, pela Lei 10.792 de 2003, no interior da fase de execução penal, inverte a lógica da execução penal. E coerente com a perspectiva de eliminação e inabilitação dos setores sociais redundantes, leia-se clientela do sistema penal, a nova punição disciplinar inaugura novos métodos de custódia e controle da massa carcerária, conferindo à pena de prisão um nítido caráter do castigo cruel.

O Regime Disciplinar Diferenciado agride o primado da ressocialização do sentenciado, vigente na consciência mundial, desde o ilusionismo (sic) e pedra angular do sistema penitenciário nacional, inspirado na escola da nova defesa social. A Lep (Lei de Execução Penal) já em seu primeiro artigo, traça como objetivo o cumprimento da pena e a reintegração social do condenado, a qual é indissociável da efetivação da sanção penal.

Portanto, qualquer modalidade de cumprimento de pena em que não haja comitância (sic) dos dois objetivos legais, o castigo é reintegração social com observância apenas do primeiro, mostra-se ilegal e contrário à Constituição federal.

Queremos um sistema carcerário com condições humanas, não um sistema falido desumano no qual sofremos inúmeras humilhações e espancamentos. Não estamos pedindo nada mais do que está dentro da lei. Se nossos governantes, juízes, desembargadores, senadores, deputados e ministros trabalham em cima da lei, que se faça justiça em cima da injustiça que é o sistema carcerário: sem assistência médica, sem assistência jurídica, sem trabalho, sem escola, enfim, sem nada.

Pedimos aos representantes da lei que se faça um mutirão judicial, pois existem muitos sentenciados com situação processual favorável, dentro do princípio da dignidade humana. O sistema penal brasileiro é na verdade um verdadeiro depósito humano, onde lá se jogam os serem humanos como se fossem animais.

O RDD é inconstitucional. O Estado Democrático de Direito tem a obrigação e o dever de dar o mínimo de condições de sobrevivência para os sentenciados. Queremos que a lei seja cumprida na sua totalidade. Não queremos obter nenhuma vantagem, apenas não queremos e não podemos sermos (sic) massacrados e oprimidos.

Queremos que as providências sejam tomadas, pois não vamos aceitar e ficarmos de braços cruzados pelo que está acontecendo no sistema carcerário. Deixamos bem claro que nossa luta é com os governantes e policiais, e que não mexam com nossas famílias que não mexeremos com as de vocês. A luta é nós e vocês."




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