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Fechamento de escolas afeta 1.890 estudantes

Reorganização da rede estadual de ensino prevê transferência de alunos em três cidades; seis prédios foram disponibilizados

Por Natália Fernandjes
Do Diário do Grande ABC
30/10/2015 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


O encerramento das atividades de seis escolas estaduais em três cidades da região afetará a rotina de 1.890 estudantes, que serão transferidos para outras unidades em 2016. A reorganização imposta pela Secretaria de Educação do Estado deixará prédios ociosos em Santo André, São Bernardo e Ribeirão Pires. A principal justificativa das dirigentes regionais de ensino para a disponibilização dos espaços é a baixa demanda por vagas.

Em Santo André, os 450 estudantes do segundo ciclo do Ensino Fundamental (6º ao 9º ano) e Ensino Médio da EE Professor José Augusto de Azevedo Antunes, no bairro Casa Branca, que completou 101 anos em julho e é a mais antiga unidade da região, e os 400 alunos da EE Valdomiro Silveira, no Jardim Silvana, poderão sugerir três opções de escola entre as 88 existentes na cidade para a transferência, garante a dirigente de ensino Ariane Butrico. “Estamos fazendo levantamento de vagas disponíveis na rede e vamos permitir essa escolha.” A cidade reorganizou 21 escolas, sendo que 16 delas passarão a atender ciclo único em 2016.

Os 170 alunos que cursam a segunda etapa do Fundamental na EE Tito Lima, no Estoril, serão transferidos para a EE Antônio Caputo, no bairro Rio Grande. Conforme a dirigente de ensino Suzana Dechechi de Oliveira, todos os jovens terão transporte ofertado pela Secretaria Estadual de Educação, já que a unidade fica 2,8 quilômetros longe. Das 81 unidades de ensino estadual da cidade, 24 passarão a atender apenas um ciclo de ensino.

A dirigente de ensino de Mauá, responsável também por Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, Marilene Ceccon, destacou que os 300 alunos da EE Santinho Carnavale serão divididos entre a EE Nayme Cardim (6º ao 9º ano), EE João Roncon (6º ao 9º e Ensino Médio) e entre a EE Dr. Felício Laurito (Ensino Médio noturno). Os 270 estudantes do primeiro ciclo do Ensino Fundamental da EE Professor Álvaro Trindade de Oliveira passarão a ter aulas na EE Álvaro de Souza Vieira. Já a EE Fortunato Pandolfi Arnoni funcionará no prédio da EE Professora Leico Akaishi, tendo em vista a transferência dos 300 jovens desta unidade para a EE Dr. Felicio Laurito.

Em Ribeirão Pires, apenas duas escolas passarão a atender ciclo único. Já em Mauá serão quatro.

Diadema terá 15 escolas voltadas a apenas um ciclo de ensino. Não houve reorganização em São Caetano e Rio Grande da Serra.

PROFESSORES

Conforme as dirigentes de ensino, a expectativa é que os profissionais concursados da Educação acompanhem os alunos no processo de mudança de escola. Já os designados poderão ser submetidos a mudança de cargo, dependendo da situação.

A estimativa é que os pais e estudantes tomem pé da situação a partir da próxima semana, nas próprias unidades de ensino. No dia 14, haverá reunião em toda a rede para esclarecer as dúvidas e também explicar o processo.

O Estado disponibiliza o endereço www.educacao.sp.gov.br/reorganizacao para consulta da situação de cada escola.

 

Alunos e professores ainda têm dúvidas

Em Ribeirão Pires, o sentimento é de tristeza e indignação por parte de pais, alunos, professores e demais profissionais que atuam na EE Santinho Carnavale. Uma das famílias afetadas é a da estudante Larissa Pires, 14 anos. Ela é responsável por levar os seis irmãos, que também estudam na escola. “Não sei o que vai acontecer e nem para que escola vou. Terei que andar muito mais para deixar cada um em uma escola.”

futuro incerto já preocupa a dona de casa Sonia de Araújo, 44. Seus quatro filhos são alunos da unidade. “Moramos a menos de cinco minutos da escola. É muito difícil conseguir o transporte escolar gratuito, sempre dizem que não há mais vagas. Dependendo do que acontecer, irei procurar outro lugar para morar para que eles não sejam tão prejudicados.”

Entre os professores, o sentimento é de frustração. “Lutamos muito para transformar essa escola em um lugar melhor e sem violência”, lamenta o docente de História Renan Moraes.

MANIFESTAÇÃO

Estudantes foram às ruas de Santo André para mostrar sua insatisfação com o fechamento das duas escolas anunciadas. O protesto começou em frente à EE Dr. Américo Brasiliense, depois seguiu para a Prefeitura.

A notícia de fechamento da EE Professor Valdomiro Silveira deixou a dona de casa Melissa Caetano indignada. “Meu filho só precisa atravessar a rua. Houve reunião de pais, mas a direção não sabia o que seria da escola, como seriam as transferências dos alunos.”

O prefeito Carlos Grana (PT) recebeu os manifestantes e se comprometeu a levar a discussão do tema para o Consórcio Intermunicipal do Grande ABC e para a Assembleia Legislativa. “Nossa crítica é em relação à falta de diálogo. O Estado não pode agir de forma unilateral, porque temos responsabilidade compartilhada sobre o Ensino Fundamental.” (Colaboraram Nelson Donato e Leonardo Santos)




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