Como definir a fé quando no mesmo local se misturam o misticismo, catolicismo e o candomblé? Não importa a definição e, sim, a energia. Estar em Salvador é uma sensação única, inexplicável, que arrepia. Não importa a crença, a Bahia tem espaço para todo tipo de fé.

Das baianas que rodopiam suas imensas saias, ao ‘preto velho' que faz previsões em meio ao Pelourinho.

Quando se chega ao aeroporto da cidade, as boas-vindas começam com uma baiana que deseja boa estadia e amarra uma fitinha do Bonfim no braço do turista. "Você pode fazer três pedidos e não deve tirar a pulseira. Ela cai sozinha e os desejos se realizam." Dizem que quem com fé pede, na Bahia é atendido.

ORIXÁS - Ao chegar à cidade, os símbolos de fé se espalham. No caminho para o centro, um enorme lago é decorado com os seis orixás, que representam a crença soteropolitana.

Não é por acaso que a cidade é conhecida como a Roma Negra, por ser a mais importante cidade africana fora da África, preservando seus rituais e crenças. O candomblé, religião afro-brasileira que mantém um panteão de deuses evocadores dos fenômenos naturais, foi um dos principais responsáveis pela manutenção de uma cultura negra tão arraigada na Bahia.

Nos famosos terreiros perpetuou-se, além da religiosidade, a música, a culinária e as danças trazidas pelos escravos negros. Durante o período que durou a escravidão no Brasil, os negros eram proibidos de praticar sua religião, por isso, os orixás, deuses do candomblé, foram associados aos santos católicos, de maneira a permitir seu culto.

Nasceu assim o sincretismo religioso, que faz com que as festas católicas e os ritos do candomblé convivam, como ocorre, por exemplo, na festa do Nosso Senhor do Bonfim.

A festa do candomblé mais conhecida é a de Iemanjá, orixá das águas, que ocorre no dia 2 de fevereiro e leva uma multidão de pessoas à praia do Rio Vermelho.

DESTINO - Primeira capital do Brasil, Salvador é o segundo destino turístico preferido pelos estrangeiros que vêm ao País. É ainda uma das cidades mais visitadas e desejadas pelos brasileiros de todos os estados. Salvador tem belas praias, conjunto arquitetônico colonial e marcas da história do País. A capital da Bahia possui ainda uma cultura local peculiar, com música, culinária, religião, além da magia do axé.

O turista que escolhe Salvador, pode ir à praia pela manhã, fazer um passeio ao centro histórico à tarde, jantar em um dos bons restaurantes da e ir dançar nos ensaios dos blocos de Carnaval (verão) ou juninos (inverno) ou ao som dos muitos sucessos locais.

A jornalista viajou a convite da Azul Linhas Aéreas e do Tropical da Bahia.

Fiéis agradecem milagres

À espera de um milagre. Todos os fiéis que adentram a Igreja do Bonfim almejam alcançar alguma graça.

Como forma de agradecimento, os contemplados voltam ao local e deixam fotografias, imagens e peças em cera na Sala dos Milagres.

Aparecida Martins percorreu mais de 800 quilômetros do interior de São Paulo até Salvador para agradecer uma graça alcançada e fazer outro pedido. "Minha filha passou por uma cirurgia delicada no coração e eu tenho certeza que o Senhor do Bonfim intercedeu por sua vida", afirmou a comerciante. "Vim trazer uma fotografia dela e pedir por uma sobrinha, que está com problemas na visão e corre o risco de ficar cega."

A cada seis meses, uma equipe da Paróquia troca as peças da Sala dos Milagres. "São muitos fiéis que voltam para agradecer, não há espaço para manter todas expostas. Mas tudo é guardado em outro local", explicou José Raimundo, voluntário da Igreja.

A imagem do Nosso Senhor do Bonfim foi trazida em razão de uma promessa feita pelo capitão-de-mar-e-guerra da marinha portuguesa, Theodózio Rodrigues de Faria, que durante forte tempestade pediu ajuda para sobreviver e prometeu que traria para o Brasil a imagem de sua devoção.