Setecidades Titulo Hospital
Espera por cirurgia no Mário Covas chega a três anos

Ajuste na regulação de vagas pode ajudar a fluir demanda

Maíra Sanches
Do Diário do Grande ABC
18/11/2011 | 07:00
Compartilhar notícia


Com andadores, bengalas e cadeiras de rodas. É dessa forma que pacientes aguardam na fila de espera por cirurgias e procedimentos realizados no Hospital Estadual Mário Covas, em Santo André, que ontem completou dez anos em atividade.

O problema de operar no limite da capacidade não é particularidade do equipamento, que continua como referência na região para pacientes que necessitam de intervenções cirúrgicas e exames de alta complexidade. A demanda por vagas em grandes hospitais cresce à medida que novas unidades são inauguradas.

No Grande ABC, em média, 4.391 pacientes são encaminhados ao Mário Covas todos os meses para realização de consultas, exames, cirurgias e internações. As prefeituras de Santo André, Rio Grande da Serra e Ribeirão Pires não informaram os dados.

A paciente Rosa Albina Guazzelli, 83 anos, aguarda há três anos pela colocação de prótese de fêmur na perna. Os remédios não são suficientes para amenizar a dor provocada pelo desgaste dos ossos. "Quando voltamos para as consultas só pedem novos exames e não informam previsão de data. Enquanto isso ela só fica deitada ", disse a filha, Conceição Colombo, 62.

A aposentada Helena Kinhel dos Santos, 75, tem artrose de grau cinco nos dois joelhos. O problema foi ocasionado pela colocação das duas próteses de fêmur há três anos. Há cerca de seis meses a doença se agravou pela sobrecarga de peso. "Os remédios acabam com meu rim. Os médicos do hospital são maravilhosos, mas a sala de espera em ortopedia sempre tem cerca de 100 pessoas. É pouca gente para atender a todos." A prótese chega a custar até R$ 25 mil.

A cirurgia da doméstica Creomidia da Mota Santos, 57, quase foi concretizada no fim do ano passado. Depois de esperar um ano e dois meses, ela chegou à sala de operação para retirada de nódulo da tireoide que compromete sua fala. No entanto, segundo a paciente, o procedimento foi suspenso por causa da falta do laudo do cardiologista. "Fiz vários exames pré-operatórios e ninguém me pediu nada. Qual a responsabilidade dessa equipe? Estou até hoje esperando."

Segundo informações da administração do hospital, a a paciente Rosa Guazelli não realizou a cirurgia da perna por ter apresentado complicações no intestino em razão do tratamento de câncer. Ainda não há previsão de quando poderá ser operada.

No caso da aposentada Helena dos Santos, o hospital alegou que a "paciente informou à equipe médica que não deseja realizar o procedimento de implante de próteses." O hospital irá manter contato com a paciente.

A unidade relatou que a doméstica que aguarda a retirada do nódulo da tireoide ainda não foi operada porque a paciente tem quadro alto de hipertensão. Nova avaliação será feita no fim do mês.

O coordenador do Grupo de Trabalho de Saúde do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC, Arthur Chioro, avalia que é preciso ter ajuste na regulação de vagas para a região. "Nosso grande desafio é conseguir com o Estado a integração do hospital às necessidades dos municípios da região. Muitos serviços ofertados são para procedimentos que, na realidade, não precisamos", explicou.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;