Setecidades Titulo
A nova mania é ser ‘bi’ e assumir publicamente
Bruno Ribeiro
Do Diário do Grande ABC
10/06/2007 | 07:04
Compartilhar notícia


Se ficar com várias pessoas diferentes pode ter sido um choque no passado, quando a moda surgiu, agora os pais têm de se preparados para a nova mania: ficar com homens e mulheres. Ou seja, ser bissexual. Adolescentes e jovens adultos experimentam relações com pessoas de ambos os sexos com mais freqüência.

Ser bi assumido já não novidade há muito para os famosos. Grandes nomes da música, como David Bowie, Lou Reed e Mick Jagger propagavam suas relações tanto com homens como mulheres no início dos anos 70.

A diferença, agora, é que o assunto é mostrado sem preconceito pela mídia, em geral, o que estimula a curiosidade de jovens e a coragem dos que, em outros tempos, jamais assumiriam sua orientação sexual. É o que acredita o presidente da ABCDS (Ação Brotar pela Cidadania e Diversidade Sexual), Marcelo Gil.

“A mídia ajuda a conformar todo mundo”, acredita. Novelas, filmes, séries de TV e a música colocam o assunto em pauta, apresentando um novo comportamento aos jovens. Nada mais estimulante, segundo os psicólogos. “Se vamos causar, vamos fazer”, diz a psicóloga e professora universitária Maria Regina Domingues de Azevedo, do Núcleo de Hebiatria da Faculdade de Medicina do ABC. A adolescência, segundo a professora, é por excelência uma fase de experimentação. Com a mídia mostrando a bissexualidade, é natural que os jovens a experimentem.

Na balada, meninas se beijam para provocar meninos, que adoram a brincadeira. E muitos meninos, principalmente da tribo jovem dos Emos, também acariciam outros meninos em público.

Isso não significa que adolescentes que mantêm relações bissexuais vão mantê-las quando adultos. “A orientação sexual é algo que se forma até a fase adulta. Se um garoto de 14 anos diz que é gay, isso não é necessariamente verdade. Já com 22, a situação é diferente”, diz a psicóloga. Quando termina a adolescência é que a orientação sexual é definida.

Uma adolescente pode ser bi quando jovem, e hétero quando adulta. Ou descobrir que realmente gosta de mulheres e se assumir como homossexual. É o caso de uma jornalista de 27 anos, moradora de São Caetano. Ela conta que mantinha relacionamentos com homens apenas para atender às expectativas da família e dos amigos. Mas na balada, gostava de ficar com meninas. Uma dessas ficantes foi Tammy Gretchen, filha da própria, a Gretchen, que era a sensação dos homens na década de 1980. Tammy é exemplo de quem saiu do armário depois de adulto. Ela já havia fotografado para revistas masculinas quando resolveu declarar que também gostava de moças. A sua ex-ficante, a jornalista de São Caetano, namora hoje uma estudante de 18 anos. Pela namorada, decidiu abrir o jogo em casa.

Para quem foi bissexual na adolescência e manteve o comportamento na fase adulta, se bi não é uma moda. É o estilo de vida. “Eu sempre fui bi. Mas realmente há mais bis nas ruas do que antigamente. A sociedade está mais tolerante e estimulante”, analisa o estudante Filipe dos Santos, 21 anos. O rapaz conta que não consegue definir preferência por um dos sexos. E que as meninas gostam do fato de ele namorar outros rapazes. “Deixo bem claro para elasque sou bi . Mas acho que rola um lance de elas tentarem me converter. Elas sempre ficam apaixonadas”, brinca. Já no caso dos gays, Santos diz sofrer preconceito quando conta que também gosta de garotas.

BIS DO ABC

Marcelo Gil, presidente da ABCDS, afirma que no Grande ABC há muito mais bissexuais do que gays e lésbicas. “É uma leitura da região. Aqui é mais fechado, os homens são casados com mulheres e têm relações extra-conjugais com pessoas do mesmo sexo”, afirma. Com as mulheres, um fator curioso seria o fetiche masculino em fazer sexo com duas mulheres ao mesmo tempo. As mulheres concordariam em ser bissexuais em nome da relação com o homem. Outro fato destacado pelo ativista é que o bissexualidade é visto como “mais confortável” do que a opção por um dos sexos. “A pessoa pode ter um relacionamento com um sexo e, depois, com o outro. Soa mais socialmente aceitável”, garante Marcelo Gil. Ele acredita que por causa desse “conforto”, a bissexualidade é uma tendência em crescimento, pelo menos no meio GLBT.

PARADA GAYBis, lésbicas, gays e heterossexuais se encontrarão hoje na 11ª edição da Parada do Orgulho GLBT, a partir das 13h30, na Avenida Paulista. Os organizadores esperam reunir 3 milhões de pessoas. Serão 25 trios-elétricos que partirão do Masp com destino à Rua da Consolação. O evento vai durar nove horas.



Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;