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Estudantes de Rio Grande da Serra visitam a bienal pela primeira vez

Ao todo, projeto beneficiou, na semana passada, 30 unidades da região

Por Bianca Barbosa
Especial para o Diário
30/09/2018 | 07:00
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André Henriques/DGABC


 “Estou me sentindo muito bem aqui. Se toda sexta-feira fosse assim, eu morreria de felicidade”, destacou, entusiasmada, a estudante Gabriele Carolina Oliveira, 10 anos, diante das instalações da 33ª edição da Bienal de São Paulo. Essa foi a primeira vez que a aluna do 5º ano da EE Shisuko Ioshida Niwa, localizada no bairro Pedreira, em Rio Grande da Serra, observou uma exposição. A ação ocorreu por meio do Programa Cultura Ensina, da Secretaria do Estado da Educação, que cede transporte e alimentação às escolas participantes para viabilizar visitas a museus e espaços culturais. Ao todo, participaram do projeto, na semana passada, 30 unidades de ensino estaduais do Grande ABC.

A equipe do Diário acompanhou a experiência dos estudantes de Rio Grande da Serra, que têm idade entre 10 e 11 anos, na sexta-feira. Miguel Souza Martins, 11, ficou impressionado com a dimensão do espaço onde foi montada a bienal. “Estou chocado com o tamanho desse lugar. Quando a prô disse que a gente veria arte, achei que fosse só uma salinha”, ressaltou, diante do pavilhão de 30 mil metros quadrados. Irreverente, ele observou que uma das atrações que mais chamou atenção foi a que teve curadoria da artista sueca Mamma Andersson. “Gostei do quarto escuro. Deu até vontade de deitar lá dentro de tão bom. Mas como a gente teve que tirar o sapato, o chulé estava ‘feio’”, ressaltou, arrancando gargalhadas dos colegas.

Para Isabelle Fernandes, 11, que ama funk, música pop, e costuma ir ao cinema, o passeio trouxe “explosão de conhecimento”. “Quero trazer a minha família aqui. Sei que é longe (o Parque do Ibirapuera, onde está localizado o pavilhão da bienal, fica a 60 quilômetros de Rio Grande da Serra), mas vale muito a pena. Quero que eles sintam a mesma felicidade que estou sentindo agora”, considerou.

Thamires Mendes Rodrigues, 10, ficou encantada com a obra da artista Denise Milan, feita com pedras. “A pedra parecia gente. Era como se ela estivesse falando comigo”, contou a garota, que, inclusive, tem planos para o futuro. “Não sabia o que queria ser (qual profissão seguir), mas agora quero estudar bastante para virar artista. É uma coisa muito boa, do bem”, disse. Embora tenha revelado que o costume de ir a teatros e museus não faz parte do seu dia a dia, a menina observou que a música proporciona momentos de conexão entre a família e a cultura. “Minha mãe escuta bossa nova. Acho que é esse o nome. E eu gosto também”, relatou.

Intitulada Afinidades Afetivas, a bienal deste ano, organizada pelo curador argentino Gabriel Pérez-Barreto, é diversificada e fragmentada, sem tema abrangente. Segundo o monitor da turma da EE Shisuko Ioshida Niwa, Thiago Franco, o mais importante na experiência de visitar as instalações é desacelerar e questionar de que forma o trabalho dos artistas nos afeta. “Quero que prestem atenção dentro de si mesmos”, sugeriu aos pequenos, que mergulharam nas obras e perguntavam sobre tudo que tinham dúvidas.

Segundo o dirigente regional de ensino de Mauá – responsável ainda por Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra –, Cláudio Donizetti, das 104 escolas da regional, 80 fizeram adesão ao projeto e serão contempladas até novembro. “Este programa é essencial para a aprendizagem. Traz outra abordagem no ensino, com visitas aos museus, e outros locais importantes culturalmente. É um programa essencial para a rede”, falou.




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