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Bebê morre e família acusa hospital Nardini
Ângela Corrêa
Do Diário do Grande ABC
01/11/2004 | 09:57
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A família do menino Ryan Kennedy Santos Silva, 1 ano e 1 mês, acusa o hospital municipal Radamés Nardini, em Mauá, de negligência no atendimento à criança, que morreu às 6h50 de domingo, após oito horas de internação.

A causa da morte de Ryan, de acordo com boletim fornecido à família, foi septicemia (infecção generalizada), broncopneumonia e varicela (catapora). Antes de ser internada, a criança foi atendida duas vezes no pronto- socorro do hospital durante a semana passada e, mesmo com a piora do quadro, a família só foi instruída a fazer o tratamento em casa. De acordo com Secretaria de Saúde da Prefeitura, que se pronunciou por meio de sua assessoria de imprensa, a Comissão de Investigação de Mortalidade abrirá sindicância para avaliar as condições gerais de saúde do garoto.

De acordo com a mãe do garoto, a dona de casa Sueni Aparecida Santos da Graça, 21 anos, na última terça-feira Ryan amanheceu com pequenas feridas pelo corpo e febre muito alta. “Levei meu filho por volta de meio-dia ao hospital. O atendimento até que não demorou muito, esperei no máximo uma hora.", disse.

De acordo com Sueni, o pediatra de plantão diagnosticou a catapora e receitou dois medicamentos: o antialérgico Polaramine e a Dipirona, para baixar a febre do garoto e liberou mãe e filho. “Mas a consulta foi muito rápida, ele mal olhou para mim e nem examinou o meu filho direito”, afirmou a mãe durante o enterro, ocorrido na tarde de ontem no cemitério municipal Santa Lídia. A família é humilde e contou com a ajuda de vizinhos, parentes e dos padrinhos do garoto para conseguir comprar os remédios receitados pelo médico.

Durante o tratamento em casa, a criança continuou com febre e as bolhas pelo corpo passaram a inflamar, principalmente na região genital. “Ele estava muito apático e voltei ao hospital na sexta- feira. Passei pelo mesmo médico e ele só receitou uma pomada, a Cetobeta, para passar nas bolhas, e me mandou novamente de volta para casa e disse para continuar dando a mesma medicação”, afirmou Sueni, mãe também de Raiane, 5 anos.

Sueni disse que sexta-feira o bebê passou bem durante o dia e chegou a almoçar, embora não tivesse ativo, como de costume. “Meu filho era muito esperto, começou a andar com nove meses e vivia aprontando, subia e descia sofás e mexia em tudo”, disse Sueni, emocionada. O quadro de Ryan piorou novamente à noite, quando a febre voltou e o bebê recusou a mamadeira, que o pai, Zacarias Luís da Silva Junior, tentou lhe dar. “Com a ajuda de um vizinho, levamos o garoto novamente ao hospital por volta das 22h. A essa altura, ele já estava com tosse, vômito e convulsões”, afirmou a mãe.

Foi só nesse momento, segundo a família, que o hospital cogitou a internação do menino. “Outro médico que me atendeu depois, me perguntou porque eu não tinha internado antes”, afirmou Sueni. “Já era tarde e meu filho morreu, horas depois, nos meus braços”, lamentou. Domingo, a família registrou um boletim de ocorrência na delegacia contra o hospital.

A assessoria de imprensa da Secretaria de Saúde alega que o quadro de saúde do garoto evoluiu muito rapidamente de sexta-feira para o sábado, mas que o atendimento em todas as consultas, inclusive nas duas anteriores à internação, foi adequado ao quadro (febre baixa e catapora).

Varicela – A varicela, popularmente conhecida como catapora, é, em geral, uma doença de rápido tratamento, segundo a pediatra da Faculdade de Medicina do ABC, Maria Aparecida Dix Cheab. “Apenas quando a criança de até 2 anos tem alguma outra doença de base ou problemas de desnutrição, por exemplo, o caso pode evoluir”, afirmou a pediatra.

Segundo a médica, as lesões na pele provocadas pela catapora podem ser a porta de entrada para bactérias que acarretam na septcemia, que acaba por disseminar a infecção para a corrente sangüínea. Em outros casos, a catapora pode evoluir para uma meningite.




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