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Cemitério da Vila Euclides é alvo de furtos
Isis Mastromano Correia
Do Diário do Grande ABC
25/05/2009 | 07:00
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Edmilson Magalhães/DGABC


A preservação da memória no cemitério da Vila Euclides, em São Bernardo, está comprometida por uma série de furtos aos adornos das sepulturas. Somente na última semana, a administração do local registrou 12 ocorrências em uma madrugada.

São vasos, portas, adereços e até flores sendo levadas em massa por criminosos.

Com pouco mais de um século de funcionamento, a história e as características do cemitério da Vila Euclides estão sendo estudadas pelo Compahc (Conselho Municipal do Patrimônio Histórico e Cultural), trabalho que pode ser dissolvido com a segurança falha do local.

O policiamento é feito por duas pessoas que têm de vigiar mais de 2.000 jazigos. Um guarda fica na porta de entrada enquanto outro faz as rondas.

A jornalista Beatriz Levischi, de São Bernardo, conta que do jazigo onde está sua mãe sumiram um vaso e uma grande cruz, ambos de bronze, sem contar o desaparecimento constante das flores depositadas no túmulo.

"Soube que furtaram a porta de bronze de um mausoléu, o dono colocou uma de alumínio e levaram de novo", comenta Beatriz.

O quilo do bronze, material nobre, é cotado em R$ 50, valor que desperta interesse de criminosos.

A Secretaria de Serviços Urbanos da Prefeitura promete reforçar a segurança e aumentar a altura da cerca em volta do cemitério, mas não definiu quando iniciará as ações.

História - A falta de investimento na segurança do cemitério contraria sua importância histórica. De olho no valor cultural do espaço, o Compahc passou a levantar o padrão das construções, os materiais utilizados, as formas e os ornamentos que permitem ainda traçar um diagnóstico histórico e social de São Bernardo.

Às vésperas dos anos 1900, o governo determinou que os cemitérios fossem erguidos longe de áreas urbanizadas.

Acompanhando essa conjuntura, o cemitério da Vila Euclides foi instalado no alto de uma colina, em 1892, longe do centro histórico de São Bernardo. Décadas depois, a expansão desordenada da cidade alcançou o entorno do cemitério.

Túmulos de personalidades políticas, como o do ex-prefeito Lauro Gomes, morto há 45 anos, que comandou o município na década de 1950, e jazigos de famílias que participaram da ocupação da região fazem parte do complexo.

Segundo o Compahc, na etapa inicial das pesquisas foram identificados dois padrões estéticos recorrentes nos túmulos: o monumental, que faz parte da expressão da elite política e econômica local, e o modesto, pertencente aos cidadãos comuns.

Faz parte do levantamento de preservação um inventário que apontou todas as árvores plantadas no cemitério.

A operação identificou duas jaqueiras plantadas sem autorização e que deverão ser retiradas. Segundo o futuro secretário municipal de Meio Ambiente, Giba Marson (a Pasta ainda não foi criada), o solo do cemitério não é adequado a árvores frutíferas, pois, eventualmente, substâncias que efluem dos corpos podem contaminar os frutos.

O anúncio da derrubada gerou protestos. "Quero conversar e esclarecer as dúvidas de todos que se opuseram. Não vamos fazer nada sem que as coisas estejam muito claras", explica Marson, que promete o plantio de outras árvores.




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