A solução encontrada pela coordenação da Unidade de Saúde do Feital foi aproximar, fisicamente, o atendimento clínico da população do Capiburgo. No bairro, predominam sítios, pesqueiros e algumas ocupações irregulares. Há menos de um mês, todas as quintas-feiras, a partir das 7h, uma equipe formada por um médico, um enfermeiro, dois auxiliares de enfermagem, um dentista, um auxiliar de dentista e seis agentes comunitários se desloca para o prédio onde funcionava uma escola estadual, construída há 40 anos por um antigo morador e cedida na época ao Estado, cujos alunos foram transferidos em 2001 para outra unidade.
Segundo a coordenadora do posto de saúde, Iacy Milone Kovacsics, os atendimentos são pré-agendados pelos agentes comunitários. Cada dia, cerca de dez famílias são visitadas. Eles montam um dossiê com o perfil de cada residência e, assim, identificam desde casos de pessoas que têm de passar periodicamente pelo médico, como crianças e gestantes, até casos mais críticos.
“O caso que mais me comoveu foi o do seo Nicodemo”, disse a agente Valdinéia Zanette de Carvalho, 19 anos. Ela contou que o homem, um morador de rua com problemas mentais, ao ser entrevistado reclamou de uma dorzinha no pé. “Ele não tinha dinheiro para chegar ao posto de saúde de ônibus e achava que a dor era só um calo. Marcamos uma consulta, e quando o médico tirou sua bota, o pé dele estava cheio de feridas.”
Filho de pai diabético, o ajudante Aílton Gomes de Oliveira, 31 anos, se interessou em fazer exame de sangue para ver se repetiria o diagnóstico do pai. “Fizeram a coleta aqui mesmo, mas descobri que não tenho a doença. Mas vou ficar esperto porque estou acima do peso.”
Recém-descredenciado do convênio médico, o qual desembolsava R$ 900 por mês, o aposentado Carlos Alberto Arisi, 75 anos, achou oportuna a vinda semanal da equipe médica ao Capiburgo. “Faço controle da minha pressão arterial e estou tratando de uma micose”, afirmou Arisi, que possui uma chácara no bairro.
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