Da viagem do Japão ao Brasil, ainda na barriga da mãe, até a mais recente exposição, no ano passado, nada escapou aos olhos de José Armando Pereira da Silva e Enock Sacramento para a realização de 'João Suzuki', livro sobre o artista plástico de 69 anos — que mora em Santo André desde 1951. Na obra são esmiuçadas passagens de decisiva influência no desenvolvimento da produção pictórica de Suzuki, entre elas a prisão no Dops-SP (Departamento de Ordem Política e Social do Estado de São Paulo), em 1969.

“O conteúdo está pronto, mas ainda não há patrocínio para a publicação. Com a verba em mãos, os primeiros passos serão fotografar as obras, revisar o texto e fazer sumários em inglês e também em japonês, tendo em vista que o Suzuki é de origem nipônica”, disse o pesquisador de cultura Pereira da Silva.

O projeto prevê tiragem de 2 mil exemplares no formato 24cm x 31cm, impressão em cores em papel cuchê e capa dura. Foi aprovado pela Lei Rouanet e está orçado em R$ 100 mil.

Os autores do livro conhecem o pintor desde os anos 1960, quando também começaram a acompanhar o desenvolvimento de sua trajetória, marcada por uma produção coerente e, do ponto de vista conceitual e estético, rica.

“Suzuki passou por várias ondas e tendências da arte e nunca abdicou à poética particular que desenvolve”, disse Pereira da Silva. “Na década de 60 ele foi um ícone entre os artistas nacionais emergentes. Todas as pessoas que o conheceram no período guardam uma imagem forte dele. Foi muito dedicado ao trabalho e engajado politicamente, embora apartidário e discreto”, afirma o crítico de arte Sacramento.

Conforme Pereira da Silva, Suzuki pagou e ainda paga o preço por fazer o que gosta e da forma que considera adequada: “Dos anos 50 para cá, o mercado de arte mudou. Hoje, quem não investe em marketing, em aparecer, acaba esquecido”.

João Suzuki deve ser o segundo livro de uma série dedicada a pintores de Santo André. O primeiro, lançado em setembro de 2002, foi Guido Poianas – Retratos da Cidade. O próximo objetivo é preparar um título sobre Paulo Chaves (1921-1989).

Independentemente da publicação de João Suzuki, já está programada para dezembro deste ano uma exposição de obras do artista no Salão de Exposições do Paço Municipal andreense.