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Grande ABC: 260 mil moradores não têm acesso à faculdade
Ângela Corrêa
Do Diário do Grande ABC
10/12/2004 | 09:08
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Cerca de 260 mil moradores do Grande ABC não têm acesso ao ensino superior público. São pessoas acima de 18 anos, com ensino médio completo e que representam 10,4% da população da região, estimada em 2,5 milhões de pessoas. Para esses estudantes, a oportunidade é cortada pela falta de condições em bancar as mensalidades em uma das 29 instituições pagas da região. Apenas a unidade da Fatec (Faculdade de Tecnologia) em Mauá, mantida pelo Estado, oferece atualmente 80 vagas públicas em curso superior.

Os dados fazem parte do Mapa Parcial da Educação do ABC, levantamento realizado em pelo Observatório da Educação e do Trabalho da Prefeitura de Santo André. Nessa primeira etapa, divulgada nesta quinta, a pesquisa ficou limitada ao perfil do ensino médio e superior nas sete cidades. Neste momento, a intenção é fornecer mais subsídios para a discussão da implantação de uma universidade pública no Grande ABC.

No próximo ano, a Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) deve se instalar em Santo André. A previsão é de que sejam criadas, em seis anos, cerca de 20 mil vagas de ensino superior público na região. O anúncio foi feito no mês passado pelo Ministério da Educação, que pretende criar três centros de ensino no ABC: Tecnologia, Ciências Sociais e Educação.

A informação de que 260 mil pessoas não têm acesso ao ensino superior é considerada alarmante pelos pesquisadores do Observatório da Educação e do Trabalho de Santo André. "A projeção é que o mercado não consiga abrigar os novos estudantes se continuar nesse ritmo. Entre 2000 e 2004, o crescimento no ensino médio foi de 39,3%, enquanto que o superior cresceu apenas 5,3%. Esbarra também nesse crescimento a dificuldade de muitos estudantes em ter recursos para pagar uma faculdade privada", diz o coordenador do Observatório da Educação e do Trabalho, Mesaque Araújo Silva. "É por isso que, sozinha, uma universidade pública talvez não dê conta da demanda reprimida. O ganho previsível é que essa instituição pode fazer parcerias com as faculdades privadas já instaladas, o que pode vir a triplicar o número de vagas existentes", acredita o coordenador. Hoje, as faculdades localizadas em seis cidades da região somam 43 mil vagas, segundo o Mapa.

Ensino Médio - Embora a demanda para a universidade pública seja de 340 mil pessoas (incluindo aí indivíduos aptos a cursar o ensino superior e que conseguiram freqüentar uma faculdade), as 207 escolas públicas e 88 particulares que oferecem ensino médio no Grande ABC formaram apenas 36.279 estudantes. "Levamos em conta também o número de pessoas que concluíram o ensino médio nos últimos anos. Elas podem, a qualquer momento, dar início a um curso superior", conta o coordenador do Observatório da Educação e do Trabalho de Santo André, Mesaque Araújo Silva. Embora o crescimento no ensino médio tenha sido registrado pela pesquisa, a infra-estrutura ainda é menor do que a oferecida para estudantes do ensino fundamental. No último ano, 33.002 adolescentes se formaram na 8ª série na rede pública de ensino. O número é maior do que a soma das vagas oferecidas para as três séries do ensino médio em Santo André (31.338 vagas), por exemplo, no mesmo período.

De acordo com o pesquisador, uma nova versão da pesquisa deve ser divulgada no próximo ano. "Além de atualizarmos os dados do mapa parcial, ampliaremos para todos os níveis escolares, desde a pré-escola até a pós-graduação", afirma o coordenador.




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