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Guia oferece dicas para empreender

Há três semanas na lista dos dez mais vendidos, livro
traz 74 conselhos para quem deseja melhorar atividade

Por Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
09/11/2014 | 07:00
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Divulgação


O brasileiro é um empreendedor e está cada vez mais ávido por informações para desenvolver seu próprio negócio, apesar de entraves, como a falta de regulamentações municipais da Lei Geral da Micro e Pequena Empresa. Essa constatação, que se baseia em pesquisas, explica, pelo menos em parte, o sucesso de um guia voltado a esse público: o recém-lançado Manual do Empreendedorismo (editora Gente), escrito por Bruno Caetano, superintendente do Sebrae-SP. Há três semanas na lista dos dez mais vendidos da relação da revista Veja, o livro traz 74 dicas para quem deseja melhorar sua atividade. Além de o tema despertar o interesse, Caetano destaca que fez tópicos rápidos e de leitura fácil, para atingir tanto quem tem faculdade quanto aquele com menos instrução formal. Outro ponto atrativo é o preço, R$ 19,90. “Fiz questão de colocar preço de custo para ter mais gente acessando as informações”, diz.

Gostaria que o sr. falasse sobre como se deu o processo de elaboração do livro?

 O livro nasce de uma necessidade, que é ter uma obra de referência que seja de fácil assimilação pelos empreendedores, seja o mais instruído, aqueles que têm faculdade, uns que têm pós-graduação, ou gente como meu pai, que foi dono de uma loja de sapatos na cidade de São Paulo durante quase 40 anos e que completou o Ensino Médio. Então, a ideia é de ser um guia muito rápido e de leitura fácil, com exemplos bastante práticos do que se deve fazer e o que não se deve fazer na hora de tocar uma pequena empresa. E eu percebi que esse tipo de bibliografia, de conteúdo de referência, com essa visão, de ser algo com linguagem simples, rápida e direta é escasso no mercado. Não têm muitas obras com essa preocupação.

 E são abordados diversos temas para o empreendedor...

 É um livro dividido em capítulos que versam sobre os desafios de cada empreendedor nas mais diversas áreas, de planejamento, atendimento ao cliente, área financeira, de vendas, e os artigos que estão em cada capítulo são rápidos com dicas objetivas. Por exemplo, na área de vendas mostra como se deve organizar uma vitrine, como é que o cliente normalmente entra na sua loja... Noventa por cento deles entram pelo lado direito, então é importante ter um cuidado com esse lado, que será onde o cliente vai ter o primeiro contato com seus produtos depois da vitrine. A disposição dos produtos na altura adequada, a 1,60 m do solo, que é a altura média do brasileiro e que é local nobre. São dicas desse tipo que o livro tenta trazer para o empreendedor.

 Das 74 dicas, qual mais o sr. destacaria?

 Há também tópicos sobre mitos que precisam ser desfeitos. O primeiro investimento que o empreendedor precisa fazer não é o financeiro, mas é em si próprio, na própria preparação. Claro que não vamos antecipar as 74, mas são dicas desse tipo, para quem já tem uma empresa e quer melhorá-la ou para quem tem a ideia, o sonho, de ser patrão, não pode ainda realizá-lo, mas está perseguindo esse sonho e quer começar certo. Pelo menos eliminando os erros mais comuns cometidos pelos empreendedores.

 Vários capítulos citam a questão da inovação, algo que é importante, não é?

 Esse é um outro conceito que o livro procura desmistificar. Quando a gente fala em inovação, logo vem à nossa cabeça exemplos de empresas estrangeiras e de tecnologia, tipo Apple, Microsoft... Esse é um vício que precisa ser combatido. Inovação não é só para a Apple, nem para a Microsoft. Pelo contrário, inovação pode e deve ser praticada por qualquer empresário de qualquer setor, e de qualquer porte, especialmente o pequeno. E aí tenta (o livro) mostrar como se pode inovar, que é perseguindo sempre três coisas: melhorar o produto, o processo e o acesso ao mercado. São processos de inovação que a gente procura abordar no livro. 

 O livro também cita, além das orientações, entraves legais, como a lei de falências, que ainda é pouco amigável às pequenas empresas, e a falta de regulamentações municipais para a Lei Geral da Micro e Pequena Empresa.

 Exatamente, tem muitos municípios no Brasil que não regulamentaram a lei (Geral da MPE), além de criar problemas, porque não desburocratiza, não facilita o acesso do empreendedor ao poder público, inclusive a compras públicas, acaba fazendo com que o município desperdice número grande de oportunidades em favorecimento aos pequenos negócios, que são os que mais geram emprego e renda no Brasil. A gente também chega a abordar no livro alguns itens que a gente diz que, se adotados, poderiam melhorar bastante a vida do empreendedor. A gente sabe que, hoje, boa parte das travas está em nível municipal, como as leis de zoneamento confusas e planos diretores também confusos, que criam insegurança muito grande ao empreendedor. 

 Dá para dizer que também se aprende a ser empreendedor?

 Sem dúvida. E tem gente que não tem vocação para ser. Empreendedor também precisa ter vocação e precisa desenvolver essa vocação. Não adianta saber cozinhar e achar que esse dom vai garantir a ela um restaurante de sucesso. A gente mostra que alguns conceitos podem e devem ser aprendidos: ninguém nasce sabendo fazer gestão financeira, fluxo de caixa, marketing. São técnicas e ferramentas que devem ser aprendidas para empreender. 

 Há pesquisas que mostram que o brasileiro gosta de empreendedor? Como o sr. avalia isso?

 A gente tem, de um lado, muitos empreendedores com desejo de empreender, existem 40 milhões de brasileiros que ou têm empresa ou pretendem abrir empresa nos próximos três anos, de acordo com pesquisa do Sebrae. Mas ao mesmo tempo o Brasil apresenta as maiores dificuldades para empreender, na relação com o poder público. Vivemos um paradoxo. É o principal sonho de vida produtiva do brasileiro, não é ter emprego mas ter empresa, mas os governos, de modo geral, não acompanharam essa mudança de desejo, as regras hoje não claras, não são amigáveis, são muita caras, o que impõe dificuldades muito grandes ao empreendedor, especialmente quando vai competir no mercado internacional ou quando os produtos internacionais vêm para o nosso mercado. 

 São desafios...

 Sim, claro que há bons exemplos, como, no Estado de São Paulo, o Banco do Povo, na área de crédito, é uma excelente iniciativa, mas na área municipal as dificuldades são muito grandes.  




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