Política Titulo Alex Manente
‘Estou animado
a ser governista
em Brasília’

Deputado federal eleito com 164.760 votos, Alex Manente (PPS), que encerra seu segundo mandato na Assembleia Legislativa neste ano, disse acreditar “firmemente” na vitória do presidenciável Aécio Neves (PSDB) neste segundo turno.

Júnior Carvalho
Especial para o Diário
18/10/2014 | 07:00
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Ricardo Trida/DGABC


Deputado federal eleito com 164.760 votos, Alex Manente (PPS), que encerra seu segundo mandato na Assembleia Legislativa neste ano, disse acreditar “firmemente” na vitória do presidenciável Aécio Neves (PSDB) neste segundo turno.

Cabo eleitoral da ex-senadora Marina Silva (PSB) na primeira etapa da disputa, Alex pede agora votos para o tucano e vislumbra atuar na ala governista, com eventual triunfo do senador mineiro. “Eu estou muito animado em ser governista. Quando decidimos nos candidatar a deputado federal, não trabalhamos com a hipótese de ser oposição ou situação, trabalhamos com a missão de representar o Grande ABC. Eu acredito hoje firmemente que o Aécio vai ganhar a eleição e isso certamente dará condições de termos uma relação mais direta (com o governo federal)”, avaliou o popular-socialista.

Alex também discorreu sobre sua expectativa para o primeiro mandato na Câmara Federal e evitou usar seu desempenho em São Bernardo – teve votação superior à de candidatos petistas apoiados pelo prefeito Luiz Marinho (PT) – para analisar possível quadro para o pleito de 2016.

“Pode ser uma tendência, mas não podemos esquecer que na última eleição (em 2010) foi a mesma coisa. Eu e o Orlando (Morando, deputado estadual pelo PSDB) fomos os mais votados e não foi consolidada (a votação) para o pleito de 2012. Por isso eu tenho muito o pé no chão de que esta eleição não simboliza 2016. O pleito deste ano é o momento que nós estamos vivendo. Se a eleição fosse hoje, o PT perderia com qualquer candidato. Porém, é o momento, pode ser que modifique”, discorreu o parlamentar, que desconversou sobre possível retorno às urnas daqui a dois anos. “Não sei. Acabei de ganhar uma eleição e tenho a missão de mostrar a importância do Grande ABC em Brasília.”


Como o sr. avalia seu desempenho nesta eleição?

Foi campanha muito diferente. Você sair (da Assembleia Legislativa) e fazer transição de estadual para federal é processo diferente. A nossa região tem cultura de votar em candidatos de fora para deputado federal. E isso foi sentido exatamente pela votação. Com votos da região, fui o único deputado eleito e isso mostra que precisamos reforçar o trabalho e intensificar as relações do Congresso Nacional com o Grande ABC. Uma região como a nossa, tão forte e tão rica, com um dos maiores PIBs (Produtos Internos Brutos) do Brasil, ter poucos representantes em Brasília certamente perdemos oportunidades. Nosso mandato tem essa missão até pela votação que tivemos. Tenho obrigação de responder com grande mandato. Tive a maior votação do Grande ABC, não dá para entender o fato de que os mais votados depois de mim (nas sete cidades) foram o Celso Russomanno (PRB) e o Tiririca (PR). Isso mostra que nós precisamos ter trabalho intensificado de conquistas para a região.

Por que o eleitor da região opta por nomes de fora?

Acho que existe cultura já há algum tempo segmentada. Elegemos seis ou sete deputados estaduais e dois deputados federais. É muito pouco. Acredito que precisamos nos reaproximar com o eleitor. Há distância grande do deputado federal mesmo da região com o eleitor daqui. E isso faz com que as conquistas sejam menores e a relação acaba sendo inexistente.

O fato de existir cardápio grande de nomes na região na disputa a federal contribui para a não eleição?

Sim. Em cada cidade, nós tivemos um ex-prefeito saindo como candidato a deputado federal ou alguém sendo apoiado pelo prefeito. Nós precisamos entender que, para eleger um deputado federal, é preciso abranger todas as cidades. Dificilmente única cidade consegue eleger um deputado federal. E isso fez com que dividíssemos o voto entre essas candidaturas municipais.

Qual sua expectativa para um primeiro mandato no Congresso Nacional?

Eu acredito que nos dez anos que tenho como legislador – dois anos como vereador em São Bernardo e mais oito como deputado estadual – tive oportunidade de conviver com pessoas muito experientes, alguns que já passaram pela Câmara Federal, inclusive. O fato de ter sido líder (de bancada na Assembleia) nestes quatro anos fez com que a gente tivesse a possibilidade de conhecer um pouco mais o dia a dia dos parlamentares em Brasília. E nós vamos aprender com as pessoas que têm mais experiência. Queremos ocupar espaço que é de direito do Grande ABC e para isso nós vamos fazer o enfrentamento direto.

O sr. apoiou Marina Silva no primeiro turno. Por que migrar para Aécio agora?

Nós do PPS vivemos situação muito direta com os acontecimentos no âmbito federal, que surpreenderam nestes três meses de campanha. A disputa presidencial teve modificação de quadros rapidamente. Nós tivemos a morte do nosso candidato, que era Eduardo Campos (PSB). Depois, a Marina entrou na disputa faltando 45 dias para a eleição e vimos sua subida abrupta e depois queda brusca em dez dias. Foi um cenário que movimentou muito rapidamente. E isso fez com que a gente entendesse que o eleitor estava buscando encontrar quem seria a pessoa responsável em fazer as mudanças que o País precisa. E a população escolheu Aécio para este enfrentamento.

E o discurso de nova política, sustentado por Marina?

Quem apoiou a Marina (no primeiro turno) não tem como não estar com Aécio neste momento. Só ele pode concretizar as mudanças que a população tanto tem reivindicado. É por isso que, antes mesmo de o partido anunciar apoio, eu já sabia que pelo menos aqui no Grande ABC faria campanha para Aécio. A afinidade com o governador Geraldo Alckmin (PSDB), que sempre foi muito generoso com o nosso partido, também pesou. O PPS foi sempre oposição ao PT no âmbito federal. É natural que, quem votou na Marina, queira mudança.

O PT incentiva a tese de que se Aécio for eleito cessam os investimentos para o Grande ABC. Como o sr. enxerga essa estratégia?

O Aécio reconhece a importância do Grande ABC. Nas oportunidades em que conversamos, ele estava extremamente satisfeito com a vitória que teve no primeiro turno na região (venceu em Santo André, São Bernardo, São Caetano e Ribeirão Pires – no geral, obteve 71 mil votos a mais que Dilma nas sete cidades).

Com quadro instável na disputa presidencial, como o sr. lida com a possibilidade de ser parlamentar da oposição ou do governo?

Eu estou muito animado em ser governista. Quando decidi ser candidato a deputado federal não trabalhei com a hipótese de ser oposição ou situação, trabalhei com a missão de representar o Grande ABC. Eu acredito hoje firmemente que o Aécio vai ganhar a eleição e isso, certamente, dará condições de termos uma relação mais direta.

O mal desempenho de Dilma em São Bernardo pode ser atrelado à gestão do prefeito Luiz Marinho?

Difícil avaliar, difícil conectar a gestão do prefeito Luiz Marinho com tendência em todo o Estado. Precisamos ter cuidado para não misturar as coisas. Acho que cada eleição representa cada momento. Sinto que o atual governo federal não satisfaz o eleitor de São Bernardo. Mas não podemos imputar a responsabilidade (do revés de Dilma) à administração municipal. A eleição municipal é daqui dois anos. O Marinho não tem o mesmo patamar que tinha quando disputou a reeleição, em 2012, mas não acredito que seja exclusivamente o governo dele. Acho que as denúncias de corrupção contra o atual governo e a inflação em alta trouxeram impacto maior à corrida presidencial.

Como o sr. avalia o empate técnico entre Dilma e Aécio mostrado pelas recentes pesquisas mesmo depois de o tucano receber apoio de Marina, de outros presidenciáveis derrotados no primeiro turno e da família de Eduardo Campos?

Temos de avaliar os institutos de pesquisa. Eles têm errado muito, principalmente ao subir os incides do PT. Se pegarmos o resultado, o PT sempre tem número maior na pesquisa e desempenho menor na urna. Não estou dizendo que o instituto tem má-fé, mas há algum erro de posição técnica.

Mas o candidato do PT ao governo de São Paulo, Alexandre Padilha, teve desempenho superior do que as pesquisas mostravam...

A última pesquisa (antes da eleição) mostrou o Padilha com 12% no total. Ele teve 18% dos válidos, o que equivale a 13% do total. Mas vejam a diferença que foi em Rio Grande do Sul e a diferença de Paulo Câmara (candidato ao governo) em Pernambuco, que teve votação 15 pontos superior ao que a pesquisa apontava. Então, existe muito eleitor que se posiciona e a gente acredita que a distância do Aécio para a Dilma seja maior.

De quanto seria a vantagem?

Acredito que ele chegará a 10 pontos (de vantagem). Acho que será 55% de Aécio contra 45% de Dilma. Essa é a minha avaliação, tenho essa percepção. Aqui no Grande ABC, ele conquistará 60% do eleitorado. Vai captar toda a mudança.

A oposição teve votação superior à de candidatos apadrinhados pelo governo em São Bernardo. Isso significa que a cidade também desejará mudança em 2016?

Pode ser tendência, mas não podemos esquecer que na última eleição (em 2010) foi a mesma coisa. Eu e o Orlando (Morando, deputado estadual pelo PSDB) fomos os mais votados e essa vantagem não foi consolidada em 2012. Por isso eu tenho muito o pé no chão de que esta eleição não simboliza 2016. O pleito deste ano é o momento que nós estamos vivendo. Se a eleição fosse hoje, o PT perderia com qualquer candidato. Porém, é o momento, pode ser que modifique.

Você estará nas urnas em 2016?

Não sei. Acabei de ganhar a eleição. Ainda tenho missão importante de mostrar a importância do Grande ABC de ter deputados federais representando nossa região. Esse e o papel preponderante nesse momento. 




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