Diarinho Titulo
Muitas artes em uma só
Por Juliana Ravelli
Do Diário do Grande ABC
03/04/2011 | 07:01
Compartilhar notícia


Carolina Pontes Herbst, 11 anos, de São Caetano, imaginava que os cantores de ópera gritavam para cantar. Na realidade, muita gente ainda pensa o mesmo. A menina mudou de opinião depois de assistir à adaptação de O Barbeiro de Sevilha para o público infantil, no Teatro Municipal de Santo André.

"Não achei que seria legal, mas a ópera foi muito engraçada", conta Carol, que vira e mexe canta pela casa: "Fígarooo, Fígarooo" (trecho da principal canção da obra). Além de despertar o interesse pela arte, a experiência ensinou muito para Carol. "Antes de a gente julgar algo, tem de conhecer."

Mas, afinal, o que é ópera? É a união de várias artes - música, teatro, dança - para contar uma história. Em vez de interpretar falando, os artistas cantam acompanhados por orquestra. Há dois tipos principais. A chamada ópera, em geral, mostra uma grande história de amor e acaba em tragédia; enquanto a opereta, um pouquinho menor, tem trama engraçada e final feliz, como O Barbeiro de Sevilha. Traz ainda cenários e figurinos bonitos.

O homem que vive o protagonista geralmente é chamado de tenor. A mulher é a soprano (saiba mais abaixo). Não pense que é moleza fazer o mesmo que eles. Tem de ter voz apropriada e estudar muito, não apenas música.

A maioria foi escrita há mais de 100 anos e em italiano. As tramas são inspiradas em lendas e situações que ocorriam de fato na época. Também existem obras em outras línguas, como alemão, francês e russo. Por isso, os cantores têm de conhecer vários idiomas e a cultura de diferentes países para cantar certo. Se nunca ouviu ópera, que tal fazer como a Carol? Você pode se surpreender!

Há vários timbres de voz neste espetáculo musical

No canto lírico (estilo de cantar ópera) há vários tipos de vozes para interpretar os personagens. Cada um recebe um nome de acordo com o timbre, que vai do grave (bem grosso) ao agudo (fininho).

As vozes dos homens são classificadas, principalmente, em baixo (mais grave), barítono (entre grave e agudo) e tenor (mais agudo). As das mulheres são chamadas de contralto (grave), mezzo soprano (entre grave e agudo) e soprano (bem agudo).

No coral do Instituto Baccarelli, Geiziane Oliveira de Souto, 10 anos, é soprano. De tão talentosa passou do nível iniciante para o avançado em menos de dois anos. Como é muito nova, ainda não sabe se será cantora de ópera quando for adulta, pois a voz muda ao crescer. "Espero continuar como soprano e ser professora de coral."

São Bernardo recebe O Barbeiro no dia 10

Ficou com vontade de assistir a uma ópera? Então, pode comemorar. A adaptação de O Barbeiro de Sevilha para o público infantil voltará para o Grande ABC. Marque na agenda: no domingo (dia 10) tem apresentações gratuitas, às 16h e 18h, no Teatro do Cenforpe (Avenida D. Jaime de Barros Câmara, 201, tel.: 4390-4600), em São Bernardo.

A divertida versão da Cia. Brasileira de Ópera é exibida em várias cidades brasileiras há quase um ano. O cenário é virtual; um gigantesco telão exibe animações - feitas especialmente para a adaptação - que ajudam a entender a história. Não faltam surpresas: antes de começar, a partitura sai da tela e para na mão do maestro.

A orquestra toca ao vivo, e a obra é encenada em italiano, mas nem precisa esquentar a cabeça, pois há legendas. E antes de o espetáculo começar, o barítono Sebastião Teixeira, que intepreta o protagonista, dá explicações sobre a arte e a trama de O Barbeiro de Sevilha. Em determinado momento da apresentação, ele também faz a plateia cantar.

A ópera original foi composta pelo italiano Gioachino Rossini (1792-1868) e conta os apuros do barbeiro Fígaro, que tenta ajudar o conde D'Almaviva a conquistar o amor de Rosina. Claro que não poderia faltar um vilão, D. Bartolo, interessado na grana da moça. Imperdível! (Colaborou Nilton Valentim)

Avó dos desenhos e musicais

Fígaro não é exclusividade dos grandes tenores. Tom & Jerry, Pernalonga e Pica-pau já cantaram a famosa ária (canção solo de um personagem) de O Barbeiro de Sevilha. Mickey também regeu uma ópera em que Donald e a galinha Clara cantavam; o único problema era a desafinação do pato.

Em comum, além da música, é o final: todos os desenhos acabam numa superbagunça, com direito a teatro completamente destruído. Mas na vida real é diferente. Ainda bem!

Percebeu como a ópera está pertinho da gente e pode ser divertida? Os grandes clássicos animados da Disney e os musicais podem ser considerados netos dela. É só pensar um pouquinho nas semelhanças: usam a música para contar uma história e os personagens ou atores cantam, atuam e dançam.

A diferença é que as canções dos musicais e das animações costumam usar instrumentos mais novos - bateria, guitarra, baixo elétrico -, não só os que existem na orquestra. Aliás, você sabia que as canções das princesas dos desenhos, em geral, são dubladas por artistas que estudaram canto lírico?




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;