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Rodríguez Saá anuncia moratória e criação de terceira moeda
Do Diário OnLine
23/12/2001 | 15:46
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O presidente interino da Argentina, Adolfo Rodríguez Saá, anunciou neste domingo a criação de uma terceira moeda argentina, com o objetivo de injetar capital no país, rejeitando a possibilidade de desvalorizar o peso e dolarizar a economia. Saá ainda decretou moratória, suspendendo o pagamento da dívida externa do país, que chega a US$ 132 bilhões.

Adolfo Rodríguez Saá tomou posse neste domingo, às 11h40 (14h40 de Brasília), em cerimônia realizada na Casa Rosada. Ele foi eleito presidente interino e deve ficar no poder até 3 de março de 2002, quando serão realizadas eleições para definir quem deve completar o mandato do ex-presidente Fernando De la Rúa. Todas suas medidas foram aprovadas pelo Partido Justicialista. Com isso, o próximo presidente deverá seguir o modelo implantado no governo de transição.

Nova moeda — A implementação da nova moeda argentina deve ser proposta pelo governo na próxima semana. Segundo Saá, uma desvalorização do peso, que é atrelado ao dólar desde 1991, reduziria o salário dos trabalhadores e causaria um aumento dos preços, afetando o consumo.

“Proporemos uma terceira moeda para injetar liquidez ao consumo popular. Isto não prejudicará ninguém e trará benefícios para os trabalhadores”, disse o presidente interino em discurso na Assembléia Legislativa.

Moratória — Já em relação à suspensão do pagamento da dívida externa por tempo indeterminado, o presidente interino afirmou que isso não significa que isso será um repúdio aos seus compromissos.

“O estado argentino suspenderá o pagamento da dívida externa. Isto não significa que a repudiamos. Vamos dialogar com os organismos internacionais de crédito. Mas o faremos em função da justiça social”, disse.

Ao ser questionado se não seria perigoso anunciar a suspensão dos pagamentos, ele respondeu: “Mais perigoso será que os argentinos continuem morrendo nas ruas de fome e da violência social”.

A Argentina tem uma dívida externa pública federal (excluindo a provincial e a privada) de US$ 132 bilhões, que corresponde a 46% do Produto Interno Bruto (PIB), calculada dia 30 de junho de 2001, e seu pagamento estava tecnicamente parado desde a última semana.

O pagamento dos serviços e amortizações da dívida soma, anualmente, cerca de US$ 19 bilhões. O dinheiro poupado com a suspensão dos pagamentos será destinado a combater o desemprego e a pobreza, índices que subiram muito durante a gestão De la Rúa.

Salários fixos — Adolfo Rodríguez Saá anunciou a redução dos salários do funcionalismo, argumentando que ninguém poderá ganhar mais que o chefe de Estado, que tem salário fixado em 3 mil pesos (valor igual em dólares).

Em seu discurso ante o Congresso, Rodríguez Sáa afirmou que "nunca mais haverá um governo para benefício dos que governam", e assegurou que "será possível uma Argentina diferente, se não houver corrupção". Ele anunciou que as vagas da Administração Pública serão congeladas e todo o parque automotivo e aeronáutico da presidência será vendido.

O plano de corte nos gastos contempla a redução no número de ministérios, pelo que haverá uma fusão entre os ministérios das Relações Exteriores e da Defesa, enquanto que outros passarão a funcionar como secretarias, como as de Saúde e Educação.

Ajuda — O presidente interino argentino adiantou que impulsionará o diálogo com os países da Europa, Estados Unidos e os parceiros do Mercosul para "pedir ajuda" ante a grave crise que vive o país. "Vamos falar com os organismos internacionais, com os estados da Europa, os Estados Unidos, os parceiros do Mercosul", disse o presidente eleito hoje pela Assembléia Legislativa.




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