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Com queda da Selic, investir em títulos requer cuidado

Tesouro e Bolsa autorizam venda de papéis a partir de R$ 30

Por Erica Martin
03/06/2012 | 06:47
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Com a redução na taxa básica de juros, a Selic, para 8,5% ao ano, o investimento em títulos do Tesouro Nacional requer ainda mais cuidado dos aplicadores. Papéis indexados pela Selic podem ter rendimento menor do que a caderneta de poupança, já que neles há cobrança de taxas e impostos. Pensando em aumentar a procura por esse tipo de investimento, o Tesouro e a BM&F Bovespa (Bolsa de Valores), anunciaram, na sexta-feira, mudanças para as aplicações em títulos públicos - papéis emitidos pelo governo e que podem ser adquiridos por pessoas físicas.

A grande notícia é a redução do custo para os investidores. Agora é possível negociar 10% de um papel, desde que o valor mínimo seja R$ 30. Antes o percentual mínimo era 20%. Há variação de despesas e ao escolher um título de R$ 1.300, por exemplo, o aplicador desembolsa R$ 130.

Entre as novidades estão ainda: poder agendar a compra ou venda do papel e reinvestir os juros recebidos semestralmente ou o montante embolsado no vencimento do papel. Além disso, a partir da terceira compra por meio do agendamento, a taxa de negociação será reduzida de 0,1% para 0,05% e quem optar pelo reinvestimento do montante fica isento da cobrança. "A estratégia do governo é deixar acessível para quem tem menos dinheiro e com isso aumentar a base de clientes", comentou o professor do MBA de gestão de riscos da Trevisan Escola de Negócios, Cláudio Gonçalves.

Para começar a investir no Tesouro, o interessado precisa se cadastrar junto a um agente de custódia (corretora). Há lista no site www.tesouro.fazenda.gov.br/tesourodireto.

Os custos para aplicação são taxa de negociação de 0,1% sobre o valor da operação; taxa de custódia da Bolsa de 0,3% ao ano sobre o valor dos títulos e taxa de administração cobrada pelos agentes, que podem variar entre zero e 1% ao ano.

Para o consultor financeiro Humberto Veiga, as mudanças ainda são pouco significativas. "O grande problema está nas taxas, o aplicador precisa pagar 0,3% de custódia ao ano para a Bolsa. Um fundo (que tem entre os ativos papéis do governo) e que cobra mais do que 0,6% de taxa de administração ao ano, por exemplo, já perde para poupança." Significa que os custos podem afastar os novatos investidores, principalmente diante da queda Selic, referência para o pagamento de alguns títulos.

Segundo informações do Tesouro, o rendimento médio dos papéis que acompanham a taxa básica é de 11,2%, no cálculo não é levado em conta as taxas, que podem chegar a 1%, sem contabilizar o Imposto de Renda. "Mas em relação aos fundos de renda fixa (devido à taxa de administração maior, que chega até 5%, e impostos), o Tesouro é opção melhor", comentou Veiga.

Mas, no atual cenário, é importante que investidor opte pelos papéis indexados ao IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que têm rendimento médio de 24,71% ou pré-fixado (ganho definido no momento da compra) em 17,1%. "Mesmo com as rentabilidades maiores do Tesouro, é importante fazer conta porque a poupança não tem IR", orientou Gonçalves.

AGENDAMENTO - Já em relação à possibilidade de agendar a aplicação, Veiga explica que investidor terá de transferir o dinheiro de sua conta-corrente para corretora. Isso acontece porque as instituições - não interligadas aos bancos - não oferecem conta de depósito à vista, ou seja, o cliente não consegue manter o dinheiro aportado na  corretora para as próximas aplicações programadas.

Outro ponto é a oportunidade de reinvestir nos títulos os juros que são pagos semestralmente ao aplicador, mas que para pequenos poupadores é baixo. Segundo Veiga, quem tem R$ 500 aportados em papéis indexados à inflação, por exemplo, recebe, em média, 6% ao ano de rentabilidade ou R$ 15 a cada seis meses - montante que é insuficiente para comprar papel.

 

 




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