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Renascimento de Conan
Por Luís Felipe Soares
Do Diário do Grande ABC
16/09/2011 | 07:01
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Entre tantos personagens brutamontes e sedentos por batalhas, Conan talvez seja o mais emblemático símbolo de um gênero tipicamente masculino nos cinemas. Criado na década de 1930, grande parte de sua fama surgiu após as clássicas adaptações para as telas nos anos 1980 e que apresentaram ao mundo o então halterofilista Arnold Schwarzenegger. A figura do ator austríaco como o protagonista se tornou tão forte a ponto de que possíveis refilmagens do conto sempre terem de enfrentar a sombra da participação ou não do astro.

O projeto de um novo filme borbulhou em Hollywood durante quase 30 anos até que o personagem retornasse ao universo cinematográfico em 'Conan - O Bárbaro', que chega hoje aos cinemas brasileiros quase um mês depois de sua estreia no mercado norte-americano. Ao invés de reinterpretar a história do guerreiro e buscar inspiração no título de 1982, o diretor alemão Marcus Nispel (de 'Desbravadores' e responsável pelo remake de 'Sexta-Feira 13', de 2009) traz observação distinta para sua própria obra.

Quem vive Conan no século 21 é Jason Momoa, havaiano pouco conhecido que tem feito carreira em seriados televisivos, casos de 'Stargate: Atlantis' e o recente sucesso 'Game of Thrones', como Khal Drogo. O visual do ator lembra mais os traços do personagem elaborado pelo escritor Robert Ervin Howard (1906-1936), considerado o grande mentor do estilo ‘espada e feitiçaria', do que Schwarzenegger. Além da aparência, a característica sagacidade do cimério em suas obras é melhor desenvolvida no roteiro, uma vez que Conan parece ter maior consciência do que pode utilizar à sua volta durante os combates.

Como não seria diferente, as brigas ditam o ritmo da atração. O guerreiro deixa sua terra natal e parte pelo continente de Hibórea para se vingar dos assassinos de seu pai, também responsáveis pela destruição da vila onde nasceu. Os caminhos do universo repletos de perigos o levam até Khalar Zim (Stephen Lang, o militar vilão do blockbuster 'Avatar'), que procura máscara mística para reviver a mulher.

O atual filme não cansa de jorrar sangue diante do espectador com dezenas de mortes impactantes e acaba por se transformar no que o cinema tem de mais próximo do que poderia ser um título cinematográfico da série dos games 'God of War'.

Mas o clima de ‘filme de ação' que permeia 'Conan - O Bárbaro' não é fiel à complexidade do personagem que surgiu na literatura alternativa norte-americana para depois ganhar forma nos quadrinhos. A tática do pão e circo deve gerar boas cifras para seus produtores enquanto o público leitor fiel pode sentir falta de algo mais.




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