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Futebol digital cresce e ganha
federação no Grande ABC
Fernando Cappelli
18/09/2011 | 07:01
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Polegares, indicadores, botões, gols, passes e jogadas de efeito. Ainda um tanto inusitada para muitos, a combinação é levada a sério ao extremo pelos praticantes do futebol virtual.

A febre dos games de Playstation e XBox que conquista legiões de aficionados e mantém o caráter lúdico da modalidade se espalha pelos quatro cantos do planeta, com torneios e premiações cada vez maiores e mais concorridas.

No Grande ABC, o trabalho da Federação Bernardense de Futebol Virtual desponta como pioneiro. A entidade é presidida pelo analista Sérgio Roberto Costa da Silva, 32 anos, e sua mulher Lívia, 22. "O crescimento mundial da modalidade é absurdo pela facilidade da prática. Hoje dá para colocar o futebol virtual no mesmo caminho do xadrez, dama e outros esportes da mente, por exemplo", disse o presidente.

Entre setembro e outubro, a federação local vai promover três seletivas para credenciar jogadores na disputa do Campeonato Paulista, que ocorre em novembro, na cidade de Sorocaba. Cada equipe pode contar com 12 pessoas, mas o grupo de São Bernardo pretende levar apenas quatro integrantes.

"A expansão tem de ser gradativa. Mas a aceitação tem sido ótima. Logo faremos mais torneios em empresas e escolas para fomentar oficialmente a prática do futebol virtual em todo Grande ABC", disse Sérgio.

DA HORA

Na prática, o jogo oficial desenvolvido no momento é o PES 2011 (Pro Evolution Soccer), na plataforma Playstation. Os praticantes podem escolher os times livremente, da mesma forma que estilo de jogo e tática.

Jogadores customizados ou comprados de outros times não podem ser utilizados. "A equipe do momento é o Barcelona. Boa parte dos praticantes optam pelo time, que é o mais coeso e equilibrado. O jogo acompanha sempre a realidade do futebol de verdade", conta Sérgio. E as novidades tecnológicas não param jamais. "Na próxima versão do jogo que será lançada, dará para controlar dois jogadores ao mesmo tempo com o mesmo controle. Isso vai dobrar o nível de raciocínio", disse.

Mundialmente, os principais circuitos contam com premiação de até US$ 20 mil. A Confederação Brasileira de Futebol Digital e Virtual rege a modalidade em território nacional, com associações em praticamente todos os Estados nacionais. Em São Paulo, a Federação Paulista tem ganho novos associados, como o pólo no Grande ABC.

Para mais informações, siga e acesse a conta da Federação Bernardense no Twitter: @sedebernardense

Rixa com hermanos se mantém intensa também nos games

Um dos jogadores mais dedicados ao futebol virtual do Grande ABC, o analista de planejamento Fabiano Carrion Pereira, 30 anos, é assíduo das competições online, onde os praticantes têm chance de disputar partidas com adversários do mundo todo pela internet.

Tanto empenho e treinamentos diários já o credenciaram como o sétimo colocado no ranking mundial, em lista que contava com mais de 15 mil inscritos.

Com mais de 170 partidas disputadas na época, Pereira computou 65 vitórias consecutivas contra europeus, canadenses, norte-americanos e praticantes de outros países. Mas o gostinho especial sempre recai na possibilidade de vencer os argentinos, e as já tradicionais trocas de gentilezas comuns entre os eternos rivais.

"A provocação é mútua e instantânea no chat (espaço para bate-papo do game), quando jogamos com eles. É um tal de macaquito pra cá, maricón para lá e muitas outras coisas impublicáveis", afirma Pereira. "Mas faz parte. Isso inflama ainda mais a vontade de vencer. Vibro para valer, muitas vezes sozinho. Minha mulher pensa que sou louco", brincou.

Para o jogador, o futebol virtual tem potencial de atrair tantos adeptos por aliar passatempo, competitividade, interatividade e outros quesitos de forma bastante sadia.

"Já pratiquei muitos esportes, como futebol e atletismo, mas tive de parar por causa de lesões. Agora desconto para valer esse instinto competitivo no futebol virtual. É válvula de escape de grande valia, desde que não extrapole, como qualquer outra coisa", avaliou o analista de planejamento.

Boleiros da região são adeptos declarados

Nos times do Grande ABC, o futebol virtual disputa espaço nas concentrações com baralho e sinuca, preferências mais tradicionais dos boleiros. No São Bernardo, o zagueiro Márcio Garcia é um dos mais aficionados.

"Jogo muito com (zagueiro) Bruno Alvez e o Diego Dedoné (atacante). Mas sempre termina em bagunça generalizada. Nós três estamos no mesmo nível de jogo. Isso é bacana, fica tudo muito mais emocionante", afirmou o defensor.

Garcia também ressaltou que já foi mais "viciado", e hoje apenas brinca com a família. "Jogo bastante com meu filho de dois anos. Logo ele vai conseguir me vencer", brincou.

No Santo André, o atacante Raul também é praticante assíduo. "A maioria do nosso elenco joga. Mas nas concentrações maneiramos um pouco, senão não conseguimos descansar o suficiente. A adrenalina é bem alta", afirmou o atleta, que segue a federação Bernardense pelo Twitter, mas não pensa em competir oficialmente. "Deixa isso para quem entende. Meu negócio é ir bem dentro dos campos", emendou.




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