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Anúncio sobre a tributação da poupança pode ser 'balão de ensaio'

Governo federal fez teste para medir reação da oposição à medida que cobrará IR sobre algumas cadernetas

Por Bárbara Ladeia
Do Diário do Grande ABC
15/05/2009 | 07:00
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O anúncio da provável medida provisória que prevê o pagamento de Imposto de Renda sobre o valor excedente a R$ 50 mil das cadernetas de poupança pode ter sido apenas um teste político. Depois das reações taxativas da oposição, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou ontem que não tem pressa para aprovação da medida.

"Possivelmente fizeram ‘balão de ensaio' para testar a resposta do Congresso", explica Guillermo Braunbeck, professor da Fipecafi (Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras). "São necessárias algumas manobras políticas para aprovação de medidas no Congresso."

Apesar de acreditar que o mercado já vinha contando com alguma alteração nas cadernetas de poupança há algum tempo, devido às menções ao assunto feitas pela presidência da República, Braunbeck afirma que a medida não foi bem aceita por aqueles que vão perder dinheiro com isso.

A associação com episódio histórico do confisco das poupanças também é vista como argumento político para desestabilização do governo. "O grande investidor, que é quem vai ser afetado, não é iletrado no mundo das finanças, ele sabe que qualquer associação com o confisco do governo Collor é um abuso de argumento", defende.

Com a queda da Selic e a consequente redução na rentabilidade dos fundos de renda fixa, a poupança passa a ser atrativa para investidores que antes lançavam mão dos títulos do tesouro como investimento.

Em busca de alterações na poupança para afastar esse investidor, o governo preferiu a alteração da tributação em detrimento à reestruturação e consequente redução da rentabilidade do investimento. "É muito difícil explicar para a população a mudança de estrutura. Eu vejo racionalidade na medida", lembra Braunbeck. "Foi uma saída honrosa. É simples e resolve o desequilíbrio."




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