Setecidades Titulo Violência
Após morte,
Jd. Hollywood
vive insegurança

As lembrança do crime brutal ocorrido no
bairro ainda persiste entre os moradores

Por Rafael Ribeiro
Do Diário do Grande ABC
17/06/2013 | 07:00
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Marina Brandão


A psicóloga Joana (nome fictício), 58 anos, tem medo. A janela de sua sala permanece fechada o dia inteiro. O relógio marca 19h e ela não desgruda do telefone. Quer saber do paradeiro da filha, de 20, que sai do trabalho às 17h30 na Capital. “Já era para estar aqui”, disse. E interrompe a entrevista sob a alegação de que escureceu.”

Mais de um mês após o brutal assassinato da dentista Cinthya Magaly Moutinho de Souza, 47, morta queimada por criminosos que invadiram o seu consultório e ficaram irritados com o fato de ela ter apenas R$ 30 em sua conta bancária, assim vem sendo a rotina dos moradores do Jardim Hollywood, em São Bernardo.

No caso de Joana, existe um agravante. Foi da janela da sala, naquele fatídico dia 25 de abril, que ela observou a movimentação, viu homens saindo do consultório de Cinthya, a chegada da polícia e a movimentação da imprensa. “Não tem como esquecer. Então decidi deixar a janela fechada. Quando eu tento abri-la, vem todo aquele filme na minha cabeça.”

Não que haja um medo. Moradores relatam que o bairro, formado em sua maioria por casas habitadas por idosos, sempre foi alvo da criminalidade. A brutalidade ocorrida, no entanto, marcou. O Diário esteve no Jardim Hollywood à noite e durante 30 minutos observou apenas cinco pessoas andando nas ruas. Muitos moradores sequer atendem o portão depois que escurece.

“É aquela coisa, você sempre escutava falar em roubos, desta vez todo mundo acompanhou o que aconteceu”, disse o aposentado Norberto Guerra, 59. Entre a pouca movimentação existente nos sobrados, a maioria é de trabalhadores que estavam justamente instalando equipamentos de seguranças nas casas.

A principal ferramenta é um sensor de movimento. Colocado no telhado, apita quando alguém passa por ele. O custo pode chegar a R$ 1.000. Mas o investimento dos moradores é maior. Com câmeras, centrais de monitoramento e vigilantes particulares, alguns gastam até R$ 10 mil. E entendem que é importante a colaboração da população para auxiliar a polícia.

“Não é só jogar para a administração pública a culpa de tudo. Se temos como ajudar, vamos ajudar. E essa é a nossa parte”, disse o advogado Alexandre Teixeira de Azevedo, 36. Ex-secretário nacional de Segurança pública, o coronel aposentado da Polícia Militar José Vicente da Silva assegura que a população não precisa criar pânico.

“A chance de não morrer em um assalto no Brasil é de 99,99%”, disse. “Existem sete vezes mais mortes no trânsito no País do que pelo crime. E você não vê as pessoas com medo de dirigir.” Segundo pesquisas, os homicídios ocupam 40% do noticiário brasileiro. “As pessoas veem na televisão e isso é o que gera o impacto.”




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