"Estou disposto a apresentar uma reforma total (...) da Autoridade, de suas administrações, de seus ministérios e de seus serviços de segurança para que possamos começar a reconstruir sobre bases mais sólidas, que nos permitam realizar nossas aspirações nacionais à independência e a liberdade", declarou Arafat ante os 88 deputados do Conselho legislativo palestino (CLP) reunido em Ramallah (Cisjordânia).
Desde que o exército israelense levantou o cerco a seu quartel general em Ramallah, em 1º de maio, os Estados Unidos, a União Européia e Israel vêm insistindo na necessidade de reformar a Autoridade Palestina. Até os conselheiros de Arafat já foram ouvidos reclamando tais reformas.
"Peço que revisemos a composição de nossas administrações, de nossos ministérios e serviços de segurança, já que apareceram falhas que não podem ser dissimuladas ante a opinião pública", afirmou Arafat ante a CLP. "É a hora do trabalho, da construção, da mudança e da reforma", acrescentou Arafat, cujo discurso foi transmitido ao vivo pela televisão palestina.
"O CLP deve transformar-se em oficina de trabalho, encarregada de reconstruir nosso sistema político sobre bases mais sólidas de democracia, de estado de direito e de independência da justiça", acrescentou.
A primeira reação de Israel a esse discurso foi negativa. Raanan Gissin, o porta-voz do primeiro-ministro, estimou que não continha "nada de novo".
O premiê israelense Ariel Sharon havia condicionado ontem as negociações entre Israel e os palestinos a uma transformação radical da Autoridade Palestina, à qual classificou de "regime ditatorial, corrompido e tirânico".
Arafat pediu, além disso, que os 88 membros do Conselho legislativo, eleitos em 1996, preparem "rapidamente" novas eleições "em todos os níveis oficiais e populares", mas não deu data alguma para isso.
O presidente da Autoridade Palestina reiterou que "os palestinos continuarão lutando por sua liberdade e independência". "Agora devemos reavaliar com urgência nossa política e nossos planos para corrigir nossos erros", expressou.
Da mesma forma, pela primeira vez, assumiu a total responsabilidade pelos "erros" cometidos pela Autoridade que lidera: "Sou inteiramente responsável (...) Não culpem ninguém mais do que a mim", acrescentou.
O discurso de Arafat foi pronunciado no aniversário da catástrofe, "Nekba" em árabe, que é como os palestinos chamam a criação do Estado de Israel, em 15 de maio de 1948.
Em Israel, o Comitê Central do Partido Trabalhista deve reunir-se durante a tarde para definir as grandes linhas de seu programa político visando as eleições previstas para 2003.
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