Cidades do Grande ABC se mobilizam, desde quinta-feira, para aplicar o reforço da vacina contra a Covid-19 no público idoso. Nada contra a medida. A imunização extra se tornou necessária para conter os efeitos da variante delta do novo coronavírus, que é mais letal em pacientes a partir de 60 anos. É preciso, todavia, que os gestores públicos não se esqueçam de que muitos moradores das sete cidades ainda estão na fila de espera pela segunda dose. Enquanto o ciclo de proteção estiver incompleto na maior parte da população, a pandemia seguirá fazendo vítimas.

É curioso que, com raríssimas e honrosas exceções, prefeitos e secretários de saúde festejem o avanço da primeira dose e o início da aplicação do reforço em idosos e não dirijam o mesmo entusiasmo para a segunda etapa do ciclo vacinal. Infectologistas são unânimes em dizer que a circulação do vírus só começará a sofrer prejuízos depois que mais de 70% da população estiver 100% imunizada. Ainda falta bastante para que isso ocorra no Grande ABC, onde somente 36,2% dos moradores estão totalmente protegidos, segundo dados mais recentes.

Enxergam-se algumas iniciativas tímidas, pontuais, destinadas a mudar o cenário. Uma delas, que merece destaque, foi tomada pelo prefeito mauaense Marcelo Oliveira (PT). O governo petista transformou em posto de vacinação móvel veículo da frota que começou ontem a percorrer os bairros da cidade atrás de moradores que só haviam tomado a primeira dose.

Há ações muito mais ousadas fora da região. O prefeito da Capital, Ricardo Nunes (MDB), por exemplo, iniciou ampla campanha publicitária para conscientizar o paulistano da importância de se concluir o ciclo de imunização. O mesmo tem de ser feito na região. Sem prejuízo das demais políticas de combate ao novo coronavírus, que serão sempre muito bem-vindas, o Grande ABC, no entendimento deste Diário, que se baseia no que argumentam especialistas, deveria, neste momento, focar seus esforços para convencer os moradores do valor da segunda dose.