Política Titulo Entrevista
Para presidente da OAB-SP, não há risco de golpe na eleição

Caio Augusto vê ‘linguagem de discurso’ na ameaça de Jair Bolsonaro contra pleito sem voto impresso

Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
25/07/2021 | 00:01
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Claudinei Plaza/DGABC


Presidente da OAB-SP, Caio Augusto Silva dos Santos classifica como “linguagem de discurso” os sistemáticos ataques do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), ao sistema eleitoral brasileiro e as ameaças dele à realização do pleito do ano que vem se o Congresso Nacional embarrigar a discussão sobre o voto impresso.

Em visita ao Diário, o dirigente vê “maturidade” suficiente dos poderes no País para que qualquer movimentação pelo golpe institucional possa ganhar corpo.

“Não acredito que na maturidade do momento democrático que vivemos vamos correr risco de descompromisso de órgãos de absoluta proteção da sociedade. As Forças Armadas não pertencem ao presidente da República. Como nenhuma força pertence a um determinado ocupante periódico de cargo. As instituições são perenes, precisam ser respeitadas”, discorreu. “Muito do que é utilizado pelos governantes como um todo, não só o presidente da República, é recurso de linguagem. Não vejo nenhum risco de não haver eleição no momento adequado.”

Na semana passada, o jornal O Estado de S.Paulo revelou que o ministro da Defesa, general Walter Braga Netto, enviou recado ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), que haveria mobilização para cancelamento das eleições se o Congresso não levasse adiante a instituição do voto impresso – Bolsonaro costuma dar declarações neste sentido.

Para Caio Augusto, as autoridades que estão no comando do País não trouxeram elementos concretos que possam colocar em xeque a realização da eleição com a urna eletrônica. “Primeiramente quero deixar claro que essa discussão passa pelo Legislativo, que também alcançou maturidade significativa no contexto do debate das eleições. Mas, para mim, não há justificativa (para instituir o voto impresso). É um sistema elogiado mundialmente. Aperfeiçoar o sistema faz parte do jogo. Retroceder, não.”

O atual presidente evita falar se será candidato à reeleição ao comando da OAB – as eleições estão agendadas para novembro. Ele salienta que, a despeito de a Ordem conter advogados que defendem os variados espectros políticos, “como reflexo da sociedade”, a instituição tem conseguido “manter a distância segura dos governos”. “Não estamos tão longe que nos impeça de estabelecer diálogo nem tão perto que não nos deixe confrontar decisão governamentais.” 




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